Por vezes não temos ideia do valor criado por um sector da economia ou uma atividade de negócio, em termos de geração de riqueza e de empregos, diretos e indiretos. É o caso do golfe.

Os números de um estudo recentemente apresentado, encomendado pela Federação Portuguesa de Golfe à Deloitte, impressionam pela sua dimensão: mais de 1,9 mil milhões de euros movimentados, aos quais corresponde uma receita fiscal indireta de 141 milhões. Quanto aos postos de trabalho criados e mantidos pela indústria, são mais de 16.600. No entanto, como salientou Pedro Santos Rosa, da Deloitte, na apresentação do estudo, existem ainda vários “benefícios qualitativos associados”, começando pela notoriedade do país nos mercados emissores.

Apesar destes números, o golfe atravessa neste momento uma altura de profunda crise, dependente como está dos jogadores estrangeiros, que representam cerca de 85% das receitas do setor, com uma componente enorme de jogadores britânicos (70% desse percentual).

Como destacou há cerca de um mês o presidente da Confederação Nacional da Indústria do Golfe, Luís Correia da Silva, as estimativas de perdas são na ordem dos 80 a 85% em relação a 2019 e é necessário ter em conta que, ao contrário por exemplo da hotelaria, cujas unidades ao encerrar ficam com custos de manutenção muito reduzidos, no golfe não é assim e os custos de manutenção são elevados devido ao corte da relva e aos campos serem adubados e regados todos os dias.

Cerca de 80% dos custos de manutenção são mantidos, havendo ou não jogadores, tal como afirmou o representante. E atente-se que o custo médio de manutenção de um campo de 18 buracos ronda os 750 mil euros, sendo esse valor mais elevado no Algarve, onde ultrapassa um milhão de euros.

Como balão de oxigénio para esta situação o presidente da Federação Portuguesa de Golfe, Miguel Franco de Sousa, aponta a redução do IVA que em 2012, no contexto da troika, passou dos seis para os 23% e considera que o aumento do IVA retirou capacidade de investimento aos operadores dos campos, comprometendo os níveis de serviço e qualidade das instalações e retirando competitividade a Portugal, enquanto destino de golfe.

Seja esta ou outra a medida a aplicar, é indispensável reverter-se esta situação em que os campos de golfe se encontram, com riscos graves de tesouraria. E para isso será muito importante o resultado que vier a ser divulgado do plano de recuperação para o sector que a Federação está a elaborar, em conjunto com o Conselho Nacional da Indústria do Golfe, a Associação Portuguesa de Gestores de Golfe e a Associação Portuguesa de Greenkeepers e que espero esteja concluído em breve.

 

Organização Mundial de Saúde

Esta semana Tedros Adhanom Ghebreyesus, presidente da Organização Mundial de Saúde, usou duas vezes a palavra “esperança” numa frase, a propósito da possível chegada de uma vacina ainda este ano, ao mesmo tempo pediu responsabilidade política na altura em que for distribuída, para que o processo possa ser igualitário e justo. É uma preocupação que partilho, tal como partilho da esperança. Neste momento há nove vacinas experimentais no pipeline da OMS, venham uma ou mais delas e quanto antes.

 

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