“Se isto não é um combate, então o que é um combate?”. Foi assim que o vice-almirante Gouveia e Melo justificou à agência Lusa a utilização para efeitos públicos do camuflado nas suas funções de porta-voz, o que vários criticaram mas muitos mais elogiaram.

Nessa altura, Henrique Eduardo Passaláqua de Gouveia e Melo disse outra coisa: “O uniforme quer dizer que não estou sozinho e sou ajudado pelos três ramos das Forças Armadas. Tenho pessoas a trabalhar comigo da Marinha, do Exército e da Força Aérea (…). É muito importante passar a mensagem que não é uma única pessoa, mas que são as Forças Armadas que estão a ajudar ao processo. Eu sou, digamos, a ponta do icebergue”.

Na altura em que escrevo, foram já vacinados mais de quatro milhões e meio de cidadãos. É obra. E se Gouveia e Melo lidera uma equipa, que é aliás composta por outros para além dos militares – nomeadamente pelos profissionais de saúde, médicos e enfermeiros empenhadíssimos – também é verdade que ele corporiza várias qualidades que aprendemos a valorizar no universo empresarial, como uma mentalidade colaborativa, o aproveitamento do poder da diversidade, a maximização do desempenho da organização, o desenvolvimento da confiança e a liderança em situações complexas.

Tudo isto, como hoje para os portugueses é já evidente, são atributos do nosso (digamos assim, porque ele é já de todos) vice-almirante.

Escrevi aqui mesmo, neste jornal, logo no início de todo o processo, que não existiria margem para falhas no processo de vacinação, pelo seu caráter determinante para o estabelecimento da confiança e o significado dessa mesma confiança para o retomar da normalidade, na vida profissional e familiar. Ainda bem que a realidade permitiu que agora elogie e não que critique o que sucedeu.

Muito recentemente, em comentário a um post meu sobre este mesmo assunto, alguém comentava: “Espero que ele seja condecorado pelo Presidente da República”. Na verdade, independentemente de vir a sê-lo de novo, o vice-almirante Gouveia e Melo, com apenas 38 anos, já recebeu a Ordem Militar de Avis e é portanto Comendador.

Mas recebeu também a Medalha de Mérito Militar de 1.ª, 2.ª e 3.ª Classe; a Medalha da Defesa Nacional de 1.ª Classe; a Medalha Militar de Cruz Naval de 3.ª Classe; a Medalha Militar de Comportamento Exemplar de ouro; a Ordem de Mérito Marítimo por parte da Marinha Francesa e a Medalha da Ordem do Mérito Naval – Grau Grande Oficial, atribuída pela Marinha do Brasil.

José Mourinho disse uma vez que “a liderança toda a gente deve senti-la e ninguém a ver”. No caso de Gouveia e Melo, é impossível não vermos essa liderança, para além de a sentirmos. Ainda faltam cerca de três milhões de vacinados para que o objetivo nacional seja integralmente cumprido. Mas é desde já evidente que, corrigindo o erro de casting anterior, a escolha do vice-almirante foi a decisão certa para todos nós.

 

 

Axel van Trotsenburg, o diretor de operações do Banco Mundial, foi o representante escolhido pela instituição para o encontro com o presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, à margem da Cimeira Sobre o Futuro das Economias Africanas que decorreu esta semana em Paris. A sua declaração de que a relação entre o Banco Mundial e Moçambique é forte e de que o país não será abandonado é de extrema importância para uma nação que vive um momento difícil.

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