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“O mercado tornou-se agressivo”

Engenho está atento às potencialidades do ‘Boom’ do turismo.
9 Dezembro 2017, 10h44

Um dos responsáveis pela Fábrica do Ribeiro Sêco fala ainda da gestão de uma organização familiar, das dificuldades que a empresa enfrentou que quase levou ao fecho das instalações e das oportunidades que o turismo pode criar.

É difícil gerir uma empresa familiar?
O mercado tornou-se agressivo também à custa da introdução de produto de muita baixa qualidade e esse foi outro desafio que tivemos que enfrentar e não deitamos a toalha ao chão.
Tivemos fases críticas, entre 2004 e 2006, onde pensamos em encerrar as instalações.
Nessa altura existiu uma baixa na produção de cana de açúcar. Foi preciso arregaçar as mangas.
Tivemos a ajuda de outra industrial do setor e da Secretaria Regional para ressurgir a plantação de cana de açúcar.

Que produto é esse?
O melaço continua a entrar livremente a um custo baixíssimo. Temos propostas de fornecedores que nos querem vender o produto. Sabemos quanto é que custa.
Eu acredito que haja industriais da panificação que pensem duas vezes em detrimento da qualidade.
Este meio consegue socialmente mover muitas famílias e se isto vai abaixo novamente vai ser difícil voltar a ressurgir a plantação. Acredito que o próprio agricultor fique cansado.
Vivemos numa ilha com muitas contingências de terreno agrícola. É uma fonte de receita para muita gente.

Como é que se combate essa baixa qualidade de que fala?
A União Europeia é que dita as regras. Falta um pouco de autonomia em determinadas secretarias para se mexerem um pouco melhor.
Eu penso que esse produto, e outros que complicam a vida a outros setores de produção regional, devia ser taxado à entrada.
Quem os traz devia pensar se os devia trazer ou não.
Isto de forma a que nós industriais deste setor nos consigamos defender da melhor forma.

O preço é um dos fatores de competitividade. Como é que convence um cliente a pagar mais por um produto melhor?
A questão do preço do produto tem sido um trabalho de anos. Essa parte já saiu da rotina comercial.
As pessoas têm a consciência de que vale a pena pagar mais por um produto melhor.
Temos alguns episódios engraçados de pessoas que chegam cá com embalagens de outros produtos a dizer que ficaram a perder.
Essas pessoas diziam que o preço era mais barato. Ao fim ao cabo a pessoa é que fica a perder porque perde o produto e o dinheiro.
Estamos sempre a tentar aumentar clientes na Região. Tentamos chegar a todos.
O boom do turismo pode levar a que criemos um produto vocacionado para esse mercado.
É algo que vamos tentar analisar, colocar as cartas em cima da mesa, ver o custo desse produto, se vale a pena avançar ou não.
O turismo pode ser um nicho bom. É preciso ver os custos e benefícios que possamos ter com a produção desse produto.

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