Está em desenvolvimento uma pequena reorganização do espaço político com a sucessão de António Costa no PS, que conhece agora novos episódios. Desde logo Pedro Nuno Santos partiu em clara vantagem por conhecer e dominar melhor o aparelho do PS do que Fernando Medina, mas está a perder espaço semana após semana para o atual presidente da Câmara Municipal de Lisboa.

Pedro Nuno Santos tem em mãos o dossiê explosivo da TAP com um mega despedimento coletivo em marcha e uma eventual falência da empresa e com a má imagem junto dos eleitores do PS e do eleitorado em geral, que terá que pagar a conta pesada da TAP.

Medina, por outro lado, beneficia do facto de poder a vir a ter uma vitória expressiva contra Carlos Moedas em Lisboa, que é um excelente candidato (tem demonstrado isso em todas as iniciativas), masque, fruto da atual estratégia política do PSD, conduzida por Rui Rio, não conseguiu unir o centro-direita, além de lhe faltarem dois partidos essenciais na coligação, Chega e Iniciativa Liberal (IL).

No centro-direita, Rio joga o seu futuro político e a liderança do PSD nas próximas autárquicas e, com eventuais derrotas iniciais nas principais edilidades do país, o seu lugar será disputado desde logo por figuras com mais peso e por figuras emergentes.

À cabeça estará Passos Coelho que nos próximos meses andará a pesar os prós e contras, e as circunstancias políticas, para um regresso à política ativa. É o desejado pelo eleitorado do centro-direita, é o único que consegue “secar” o Chega e a IL e até o CDS.

A evolução do cenário macroeconómico em Portugal, que não se prevê famoso com o agudizar da crise económica mundial e da incerteza na liderança da UE, poderá ser decisivo para um regresso de Passos Coelho. O país quer, os empresários querem, os contactos internacionais estão lá, e apenas falta o próprio querer.

Num patamar inferior estão à espreita, e à espera, Luís Montenegro e Paulo Rangel. O ex-líder parlamentar conta com apoios importantes dentro do partido. Já desafiou Rio nas anteriores eleições diretas e conta com um operacional que conhece e manobra o partido como ninguém: Miguel Relvas.

Por outro lado, o eurodeputado do PSD não tem os mesmos constrangimentos políticos e pessoais que o impediram de se candidatar na sucessão de Passos Coelho, e está a conquistar espaço dentro do partido e a aproveitar as franjas onde pontuam alguns excluídos do passismo e da entourage de Rio, para além de ter uma presença mediática muito forte.

No CDS, “Chicão” joga o seu futuro político também nas autárquicas, onde o CDS deverá praticamente desaparecer. A perfilarem-se como eventuais líderes estão o derrotado João Almeida, a inevitável Cecília Meireles, o vereador João Gonçalves Pereira e, à espreita, o novo deputado Pedro Morais Soares. Salvo alguma surpresa de última hora, e caso Nuno Melo pretenda continuar em Bruxelas, serão estes os nomes para a sucessão de Francisco Rodrigues dos Santos.

Surpresa seria no meio deste espectro político em mudança surgir – caso tenha condições legais para o fazer –, o ex-primeiro-ministro José Sócrates, a captar descontentes do velho PS soarista com a deriva esquerdista de Pedro Nuno Santos.

Sócrates estará a preparar, a pensar e a fazer contactos para se vingar do atual líder do PS, António Costa, e para ter uma resposta aos processos pela via política. Se essa resposta será a criação de um partido anti-Ministério Público, ou não, é a grande questão.