Roberto Figueira
Partner da PKF Madconta
Sim, de alguma forma. Do Orçamento Regional daquilo que se subentende que vai consistir uma ajuda aos cidadãos é efetivamente a redução das taxas de IRS. As retenções na fonte o que vai fazer é disponibilizar mais verbas todos os meses por via de retenções menores na conta bancária das pessoas. O facto de reter menos IRS todos os meses vai fazer com que tenham todos, nomeadamente até ao quarto escalão, as pessoas vão ter mais disponibilidade financeira para fazer face a estes aumentos na inflação e nas taxas de juro.
Não é uma medida que consiga ela só e por si só cobrir o aumento do custo dos bens e serviços por via da inflação e das taxas de juro. Não é suficiente. Naturalmente.
O que se espera é que através de uma política nacional e europeia se consiga esbater e no fundo tratar de estancar este pico inflacionista. Só isto é que nos vai permitir continuar a ter alguma estabilidade e tesouraria disponível. Até lá não serão só este tipo de medidas. Elas ajudam, mas não serão suficientes para poder colmatar este aumento brutal dos preços dos bens e serviços.
Ricardo Lume
Deputado do PCP
Nós identificamos que há falta de medidas concretas para dar resposta ao aumento da inflação e para contrariar a perda do poder de compra dos trabalhadores e das populações.
Por exemplo identificamos que os aumentos para trabalhadores, os gastos com o pessoal, não acompanham o nível da inflação. Vai haver uma desvalorização real dos salários e da massa salarial dos trabalhadores da administração pública. Que é o que compete ao Governo Regional. Mas depois não há a coragem política de intervir para impedir a escalada dos preços.
Seria fundamental que o Governo Regional tomasse medidas nessa situação e consideramos que era necessário, tendo em conta o impacto dos juros, do aumento dos juros, existirem programas para ajudar as famílias no acesso à habitação para dar resposta a este problema.
Outro problema que nos preocupa é o facto de termos uma dívida colossal e o que já está orçamentado é o aumento de 50% do pagamento de juros, face ao ano passado, e isso coloca-nos algumas preocupações relativamente à capacidade de utilizar os dinheiros públicos para as respostas sociais.
No nosso entender tem de haver a renegociação da dívida. Isso é algo que sempre defendemos e identificamos que esta escalada dos preços, e a escalada dos juros, não abona nada de bom para a nossa região, porque sempre tivemos uma estratégia baseada no endividamento. Pedir dinheiro está cada vez mais caro. Se não houver alteração dessa estratégia quem ficará a perder é a população.
Conteúdo reservado a assinantes. Para ler a versão completa, aceda aqui ao JE Leitor. Edição do Económico Madeira de 2 de dezembro.