O poder da fotografia de Nicolás Muller

O Centro Português de Fotografia, no Porto, mostra-nos o olhar comprometido de um dos nomes maiores da fotografia húngara, em 126 imagens, na sua maioria inéditas.

© Nicolás Mulller

De origem judaica, Nicolás Muller viveu na Hungria o período que antecedeu a Segunda Guerra Mundial e, como a maioria dos judeus, teve de emigrar para salvar a vida. Nessa altura, viajou por Itália, França, Portugal, Marrocos e Espanha, onde fixou residência. Viveu os primórdios do nazismo, testemunhou uma época que deixou a Europa cheia de cicatrizes e registo a vida dos operários do seu tempo.

A exposição patente até 20 de fevereiro no CPF – Centro Português de Fotografia, no Porto, “Nicolás Muller. O olhar comprometido”, reúne 126 imagens, na sua maioria inéditas, produzidas entre 1937 e 1967, que acabam por documentar a sua viagem através dos países onde viveu. Esse périplo ilustra bem a história do século XX europeu e faz do fotógrafo húngaro um exilado, primeiro obrigado a fugir do seu país e depois a refugiar-se em diferentes países, devido à ascensão do nazismo e à perseguição aos judeus instigada por Hitler, até encontrar um porto de abrigo.

Do direito à lente da câmara fotográfica

Filho de boas famílias, Nicolás Muller cedo abandonou a advocacia, para desgosto do pai. Começa a fotografar aos 24 anos para a editora Athaenaeum, quando ainda vivia na capital, Budapeste. Em 1937, lançou-se num périplo pela Hungria humilde, “feudal e repressiva”. Esse banho de realidade irá marcar a sua carreira e tornar o seu olhar comprometido.

Nicolás Muller (Orosháza, Hungria, 1913 – Llanes, Astúrias, Espanha, 2000) faz parte de um grupo excecional de fotógrafos húngaros reconhecidos internacionalmente, tais como André Kertész, László Moholy Nagy, MartinMunkácsi, Francisco Aszmann, Eva Besnyö, Brassaï, Lucien Hervé, Mari Mahr e Robert Capa. E dá-nos, muitas vezes de forma despojada, um olhar muito próprio mas também universal.

A exposição é gratuita e pode ser vista de terça a sexta-feira das 10h00 às 18h00; fins de semana e feriados das 15h00 às 19h00.

 

Recomendadas

“Nayola”, o ‘road movie’ que atravessa três gerações de mulheres

Antes de estrear nas salas de cinema, em abril, “Nayola”, a primeira longa-metragem de animação de José Miguel Ribeiro, é exibida a 22 de março na Monstra – Festival de Animação de Lisboa. Uma boa desculpa para vibrar com um filme que combina “uma aventura épica, um desaparecimento misterioso e um amor inabalável”.

Festa da Primavera quer provar que sustentabilidade é mais do que uma expressão na moda

A alimentação saudável e o combate ao desperdício alimentar inspiraram uma série de atividades para toda a família na Festa da Primavera, que o Laboratório da Paisagem organiza a 25 e 26 de março, em Guimarães.

PremiumGerir carreiras e talentos, com os olhos no futuro

A Diretora e a Head of Talents Department da L’Agence, que celebra agora 35 anos, contam como é gerir talentos e revelam as recentes mudanças na organização da agência, que visam reforçar os seus serviços face à evolução do mercado de agenciamento. “O conceito não mudou desde que a agência abriu, valores morais, ética, profissionalismo, transparência e sustentabilidade sempre estiveram presentes na missão da L’Agence e continuam a ser os valores pelos quais nos regemos”, diz Elsa Gervásio.
Comentários