O que distingue Grécia e Portugal? “Confiança e credibilidade”, diz Schauble

Os ministros das Finanças da Alemanha, e de Portugal, questionados hoje, numa conferência em Berlim, sobre o que distingue o “sucesso” do programa português do caso da Grécia, responderam que o essencial é a confiança e a credibilidade. Num debate “morno” sobre como “reequilibrar e superar os impactos da crise na UE e em Portugal”, […]

Os ministros das Finanças da Alemanha, e de Portugal, questionados hoje, numa conferência em Berlim, sobre o que distingue o “sucesso” do programa português do caso da Grécia, responderam que o essencial é a confiança e a credibilidade.

Num debate “morno” sobre como “reequilibrar e superar os impactos da crise na UE e em Portugal”, a questão do impasse em torno do programa de assistência à Grécia, até aí referido, pelo próprio moderador da Fundação Bertelsmann como “o elefante na sala”, foi finalmente levantada no período de perguntas da audiência, tendo Wolfgang Schäuble e Maria Luís Albuquerque destacado a necessidade de os países sob programa mostrarem aos seus parceiros que são credíveis, de confiança.

“O mais importante é não destruirmos a confiança mútua. Se destruirmos a confiança mútua, estamos a destruir a Europa”, disse por diversas vezes Schäuble.

Apontando que prefere falar em “confiança mútua” do que no cumprimento de “regras”, pois será logo criticado se utilizar este termo muito “alemão”, gracejou, o ministro das Finanças alemão que escusou-se a especular sobre as negociações em curso com o governo grego, pois tal não traria qualquer mais-valia, mas ainda assim revelou um episódio da última reunião do Eurogrupo com “o novo colega grego”, Yanis Varoufakis.

Schäuble apontou que “um colega, de outro Estado-membros” fez notar a Varoufakis que teria extrema dificuldade em explicar aos seus cidadãos que teriam que mostrar solidariedade com a Grécia, mas pagando de modo a que Atenas aumente o salário mínimo para níveis superiores aos do seu país, ao que o ministro grego terá respondido que os valores em causa eram suficientes para viver no Estado-membro em questão (nunca revelado), mas não na Grécia.

O ministro alemão recorreu a este exemplo para explicar que, também ele, tem que “convencer os eleitores na Alemanha”, um trabalho que, garantiu, é “muito difícil”, explicando que, por isso, é fundamental que haja uma confiança mútua entre os Estados-membros, entre os países sob assistência e os seus parceiros.

Schäuble garantiu ainda que a UE sempre foi “flexível” em renegociar “uma e outra vez” com os países sob programa aspetos dos memorandos de entendimento, mas sempre tendo por base essa “confiança mútua”.

A resposta de Maria Luís Albuquerque foi na mesma tónica, com a ministra a assegurar, pela experiência própria, que “é possível ajustar o memorando de entendimento”, e Portugal fê-lo, mas só ganhando a credibilidade que lhe deu legitimidade para requerer alterações aos seus credores.

“A nossa opção foi implementar o memorando e ajustá-lo ao longo do caminho, quando necessário. Mas primeiro tivemos que demonstrar que queríamos e íamos cumprir, para nos tornarmos um parceiro credível”, apontou, enfatizando que Portugal o fez “sempre no quadro do programa e das regras”.

“Foi um contrato, se pudermos chamar-lhe assim, com obrigações do nosso lado e solidariedade do outro”, resumiu.

OJE/Lusa

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