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O que é um investimento sustentável? Reguladores devem ser flexíveis na avaliação dos critérios, defende investigador

Em entrevista ao Jornal Económico, Dirk Schoenmaker, investigador sénior do ‘think-tank’ Bruegel, defende a necessidade dos supervisores clarificarem a importância dos investimentos sustentáveis. Destaca ainda assim o papel “ativo” da Comissão Europeia e do regulador em Portugal.
9 Janeiro 2019, 09h30

Os reguladores devem ser flexíveis na avaliação dos critérios sobre o que é considerado um ativo sustentável. O argumento é defendido por Dirk Schoenmaker, investigador sénior do Bruegel e professor de banca e finanças na Universidade Erasmus de Roterdão, em entrevista ao Jornal Económico.

O investigador do reconhecido think-tank defende que os reguladores verifiquem os critérios para avaliar o que é um investimento sustentável, ainda que esta não seja uma avaliação estanque.

“Não deve ser aquele tipo de verificação que se seguir este conjunto de critérios é sustentável; se não seguir não é”, salienta. “Como se define um elefante? Toda a gente sabe o que é, mas se o quiser colocar sob uma classificação administrativa, é extremamente difícil. Eu deixaria para o mercado e para a imprensa a descrição. É bom que os reguladores façam um pouco de verificação [sobre estes critérios], tudo bem. Mas deve ser muito flexível”.

Dirk Schoenmaker, que esteve em Portugal em dezembro para participar na conferência “Sustainable Finance: The Road Ahead”, organizada pela CMVM, defendeu que os aspetos sociais e ambientais revelam importância acrescida nas decisões de investimento e estão integrados no sistema, ainda que tê-los em conta ou não se revele uma opção do investidor.

Ainda assim destacou a necessidade de os supervisores clarificarem a importância dos investimentos sustentáveis. “A Comissão Europeia está a ter uma postura muito ativa. O regulador, por exemplo, em Portugal é muito ativo. É extremamente importante que os reguladores, bancos centrais e outros se tornem mais ativos. Também grandes investidores institucionais estão a aplicar um investimento sustentável”, acrescentou.

“É importante que as instituições façam relatórios sobre este tema, que os bancos e os fundos de investimento indiquem num relatório a sua pegada ecológica, o investimento que realizam em empresas sustentáveis, este tipo de dados”, sublinhou. “Quando estas coisas não são claras, os relatórios ajudam imenso porque tornam o processo mais transparente. Ninguém quer ser o último”.

Neste sentido, defendeu que o futuro passará por uma integração de critérios sobre sustentabilidade nos critérios para a concessão de crédito, que, aliás, “já está a acontecer”.

“Não existem dados quantitativos, mas na avaliação de crédito a pequenas e médios investidores há um parágrafo sobre a sustentabilidade do modelo de negócio do cliente. Os principais bancos já estão a incluir este factor na sua análise”, explica, ainda que realce que a análise é qualitativa.

“Com base nas respostas, analisam o nível de sustentabilidade do modelo. Os principais bancos estão realmente a integrar estes dados nas decisões”, conclui.

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