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O que procura a China no lado oculto da Lua?

Os objetivos são claros: estudar a composição do solo (que se pensa ser diferente do lado visível), investigar se há vida e água e observar os confins mais profundos do cosmos.
15 Janeiro 2019, 07h25

A Administração Nacional da China para o Espaço (ANEC) divulgou o vídeo da aterragem da sonda Chang’e-4 na face oculta da Lua, que decorreu no dia 3 de janeiro. A sonda alunou como era previsto na cratera Von Kármán, na bacia de Aitken, no pólo sul do satélite natural da Lua, na face que não pode ser vista da Terra.

“Como o lado mais distante da Lua está protegido da interferência electromagnética da Terra, é o sítio ideal para estudar o ambiente espacial e as erupções solares, e a sonda consegue observar e ‘ouvir’ os confins mais profundos do cosmos”, sublinhou Tongjie Liu, director adjunto do programa de exploração lunar e espacial da Administração Espacial Nacional da China, citado pela CNN.

Segundo informações da ANEC, a sonda aproximou-se do solo lunar de forma muito suave, enquanto desacelerava até tocar no terreno e ficar imobilizado. A possibilidade de manter vida na superfície da Lua é outra das metas da missão. A bordo, segundo o jornal El País, estão ovos de bichos-da-seda, sementes de batata e de várias plantas, para que possa ser investigada a germinação, o crescimento e a respiração. A procura de água é, naturalmente, outro objetivo.

Em maio deste ano, a China lançou um satélite de retransmissão com o mesmo objetivo – estudar o lado oculto da Lua. O satélite Queqiao foi transportado por um foguetão Longa Marcha-4C, a partir do centro de lançamento de satélites Xichang, no sudoeste da China.

Em 2020, a China planeia ainda enviar a sonda Chang’e 5, com o objetivo final de regressar à Terra com amostras de matéria recolhida na Lua. A verificar-se será a primeira missão deste género desde 1976.

Até agora, o país realizou também cinco missões tripuladas, a primeira em 2003 e a mais recente em 2013, enviando para o espaço dez astronautas (oito homens e duas mulheres). A primeira tentativa da China de entrar na corrida espacial foi no final dos anos 1950, como resposta ao lançamento do Sputnik 1 – o primeiro satélite em órbita – pela União Soviética.

Mao Zedong ordenou então a construção e envio do primeiro satélite chinês, antes de 1 de outubro de 1959, por altura do 10.º aniversário da fundação da República Popular. A iniciativa acabou por falhar devido à inexperiência do país em tecnologia aeroespacial.

No entanto, em abril de 1970, em plena Revolução Cultural, uma radical campanha política de massas lançada por Mao, a China concluiu com êxito o lançamento do seu primeiro satélite para o espaço, o Dong Fang Hong (“O Leste é Vermelho”).

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