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O que se sabe da nova estirpe de coronavírus que prolifera no sul do Reino Unido

Apesar de não parecer causar uma infeção mais grave do que o coronavírus mais comum na Europa, existem também fortes indícios de que o contágio será efetivamente mais rápido, dada a alteração nas espigas que compõem a estrutura exterior do organismo infecioso. Os responsáveis das farmacêuticas responsáveis pelas vacinas já submetidas para aprovação dizem-se confiantes que as alterações não afetem a eficácia das inoculações.
20 Dezembro 2020, 16h09

É normal os vírus sofrerem mutações, sendo que a maioria acaba por morrer sem proliferar ou, em termos práticos, não representam qualquer alteração significativa no comportamento destes organismos. No caso do novo coronavírus, têm sido levantadas suspeitas de que a estirpe identificada recentemente no Reino Unido constitua, de facto, uma nova mutação do agente infecioso.

Denominada temporariamente VUI 202012/01, dado que é uma ‘Variante Sob Investigação’ (‘Variant Under Investigation’, no original inglês) descoberta a dezembro de 2020, este organismo levará semanas a ser estudado até que se possa concluir se constitui, de facto, uma mutação com um risco diferente para a saúde humana.

Esta possibilidade foi levantada pela rápida propagação que se verificou no sul do Reino Unido, chegando mesmo a ser equacionado que esta nova estirpe poderia ser até 70 vezes mais contagiosa do que a mais comum na Europa.

O rápido acelerar da pandemia na região obrigou mesmo a novas medidas mais restritivas, com o ministro da Saúde britânico a falar mesmo numa situação “fora de controlo”, isto em entrevista à Sky News. Há ainda relatos de que casos de infeção por esta nova estirpe terão chegado ao País de Gales, Países Baixos, Dinamarca e até Austrália. Foram já vários os países a também apertar no controlo das viagens entre o seu território e as ilhas britânicas.

Embora estas conclusões careçam ainda de prova científica, parece haver fortes indícios que suportam esta teoria. Ao contrário de outras estirpes do novo coronavírus identificadas na Europa desde o rebentar da pandemia, como a que obrigou ao abate de milhões de martas nas explorações dinamarquesas deste mamífero, esta parece, de facto, comportar-se de forma diferente ao nível do contágio entre humanos.

Especificamente, a VUI 202012/01 apresenta uma alteração nos peplómeros, as estruturas prominentes que se situam na superfície do vírus e que são responsáveis pela sua fixação nos tecidos do organismo hospedeiro.

A principal preocupação, ainda assim, prende-se com os efeitos aquando de uma infeção. Até agora, estes parecem semelhantes ao que se verificava com a estirpe europeia mais comum.

No entanto, o impacto desta alteração nos efeitos que a infeção causa nos humanos infetados parece limitado, como salientam vários especialistas que apontam para as taxas estáveis de hospitalizações em função dos casos de infeção. Caso a nova estirpe afetasse o corpo humano de forma diferente, este rácio ter-se-ia alterado significativamente, como expressa o diretor geral do Laboratório Europeu de Biologia Molecular, Ewan Birney, ao The Guardian.

Outra questão relevante é como se formou esta mutação, algo a que os cientistas esperam conseguir responder num futuro próximo.

Considerando as baixas probabilidades de uma alteração na gravidade da infeção, as dúvidas mais relevantes prendem-se assim com a interação das vacinas já aprovadas e as que estão ainda em desenvolvimento com esta nova estirpe do vírus. Apesar de treinarem o sistema imunitário dos vacinados para lidarem com estes peplómeros e os neutralizarem, os responsáveis da Pfizer, Moderna e Oxford dizem-se confiantes na capacidade dos fármacos de criarem uma resistência à propagação do vírus.

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