No Fórum Banca 2018, organizado pelo Jornal Económico e pela PWC, que decorreu na semana passada, tivemos oportunidade de ouvir alguns Bancos a falar sobre os principais desafios da nova Era para o setor, assim como a perspetivar alguns dos desafios que se avizinham.

Em primeiro lugar, é de saudar a mudança de discurso que foi possível ouvir. Pela mão do Banco de Portugal e pelas dos próprios bancos, chegou-nos um discurso que centraliza a vontade e as exigências dos clientes. A verdade, como disse o Eng.º Faria de Oliveira da Associação Portuguesa de Bancos, é que a falência do Lehman Brothers marcou o fim de uma era para a Banca. Mas também é verdade, como afirmou Licínio Pina do Crédito Agrícola, é que esta falência não foi a causadora da crise em si, mas um conjunto de práticas que não foram, a seu tempo, postas em causa.

Hoje o setor financeiro está a dar os primeiros passos para que os clientes voltem a ganhar confiança no sistema financeiro, e isto só será possível se todos os seus intervenientes estiverem a caminhar no mesmo sentido e com o mesmo objetivo, sendo parceiros para chegar ao cliente e ir ao encontro das suas exigências.

Hoje existem desafios tecnológicos, é certo, mas existe um desafio maior: o da parceria. Os bancos estão finalmente prontos a abrir as portas a parcerias, muito empurrados pela nova Diretiva Europeia para os Pagamentos (PSD2), é certo, e prontos para a especialização de serviços.

Esta foi uma das palavras mais repetidas ao longo do evento: especialização. Todas as empresas do sistema financeiro, sejam bancos ou outras instituições, terão de caminhar no sentido da especialização, terão de abrir as portas a parceiros, também eles especializados nas suas áreas, para conseguirem disponibilizar produtos e serviços completos para o seu público.

A easypay, por exemplo, é especialista em pagamentos e já tem vindo a estabelecer parcerias com bancos que reconhecem essa especialidade, como o BBVA ou o BNI Europa.

Estes discursos que ouvimos no Fórum Banca, quando postos em prática, representam uma enorme mudança no setor. Compreendo o legado que o setor herdou, com a mais recente crise, e compreendendo os desafios do futuro, mas está na altura de mudar.

E o que é que vai mudar? Tudo. Já se foram os tempos em que os bancos decidiam o que era melhor para os seus clientes, criando produtos que depois lhes disponibilizavam. Hoje o cliente está no centro. Hoje o cliente exige instantaneidade, simplicidade e flexibilidade, e as empresas que não compreendem esta realidade não vão conseguir sobreviver. Hoje, as instituições financeiras que conseguirem compreender esta realidade, dando todo o poder aos clientes, são aquelas que irão vencer.