O ditado é antigo e resume o que todos queremos e desejamos, para nós e sobretudo para os nossos filhos, viver uma vida longa e com saúde. Não há nenhum seguro que nos garanta tal cobertura, mas existem formas de nos precavermos, de assegurarmos que, se algo correr mal, temos um plano B.

A criopreservação das células estaminais do cordão umbilical é uma decisão que tem de ser feita por antecipação, antes de vermos o nosso filho ou a nossa filha e termos por ele ou ela aquele amor incondicional, mas é um seguro de vida antecipado que todos deveríamos ter. E se fizermos as contas à quantidade de coisas desnecessárias que lhes compramos nos primeiros tempos, rapidamente pagamos esse investimento.

Este é um tema interessante, sobretudo porque temos, em Portugal, o segundo maior laboratório da Europa e ainda muito pouca informação divulgada sobre o tema.

A criopreservação das células estaminais do sangue do cordão umbilical, realizada há já 18 anos em Portugal, possibilita a sua utilização no tratamento de mais de 80 doenças do foro sanguíneo e imunitário. Paralelamente, encontram-se a decorrer projetos de investigação que pretendem encontrar novos tratamentos utilizando células estaminais para doenças como o AVC, uma das principais causas de morte e de incapacidade a nível mundial, e a diabetes.

Atualmente, é possível criopreservar, também, o tecido do cordão umbilical, rico num tipo de células estaminais diferentes, cujos benefícios foram demonstrados, recentemente, no tratamento de doentes com Covid-19, através de um medicamento experimental à base de células estaminais do tecido do cordão umbilical, expandidas para tratar doentes graves com Covid-19.

Existem muitas outras terapias que ainda estão em fase de ensaios clínicos e, apesar de ainda não se saber qual o seu mecanismo de ação em concreto, as células estaminais têm sido estudadas em doenças como o autismo e a paralisia cerebral com elevada taxa de sucesso.

Um destes projetos, desenvolvido entre a Crioestaminal e o hospital pediátrico de Coimbra, tem o objetivo de infundir células estaminais em recém-nascidos, com complicações na altura do parto, sobretudo quando há redução dos valores de oxigénio que deviam chegar ao cérebro. Os estudos têm concluído que estes bebés acabam por não desenvolver paralisia cerebral ou, pelo menos, de uma forma tão grave.

As taxas de sucesso, a investigação e os tratamentos são suficientes para convencer futuros pais. A informação sobre o tema, essa sim, deveria ser mais debatida e divulgada, uma vez que o esforço depende sempre de cada laboratório em passar a sua mensagem. Dia 15 de novembro assinala-se o Dia Mundial do Sangue do Cordão Umbilical, uma data que serve para alertar para o tema e trazer a público mais informação.

Este é um seguro sobre o qual vale a pena saber mais, até porque com todos os avanços científicos, certamente não morrerá de velho.