No passado mês de fevereiro a Meta, empresa que detém o Facebook, perdeu 230 mil milhões de dólares, a maior perda de sempre registada por uma empresa num dia. O valor das ações desceu 26%, lançando duvidas sobre a maior plataforma de redes sociais, alarmando investidores. No entanto, apesar desta quebra, o Facebook tinha um lucro de dez mil milhões de dólares, mas visto que a expectativa era três vezes superior, a perceção de perda sobrepôs-se ao facto de estarem dez mil milhões de dólares mais ricos/valiosos.

Este efeito, aparentemente contraintuitivo, é algo que não é único do mundo das finanças. É um fenómeno psicológico que tem por base uma projeção futura baseada na esperança, em supostos direitos, probabilidades ou promessas, cuja realização se julga possível.  Estes processos desenrolam-se a toda a hora nas nossas mentes e têm impacto nas nossas vidas desempenhando um grande papel na forma como percecionamos (ou não) a felicidade e em última análise o nosso bem-estar.

Pedir um bife mal passado e ser-nos servido um bife bem passado, ir de férias com uma semana de mau tempo ou assistir à nossa equipa perder contra um adversário teoricamente mais fraco são alguns exemplos de como as expectativas alteram a previsibilidade que construímos do mundo que nos rodeia. É por isso importante que as expectativas sejam ancoradas em indicadores robustos, mas que sejam sempre colocadas num patamar de incerteza e não como dado adquirido.

Numa entrevista acerca deste tema o jornalista Hugo Séneca conta a história de como, quando chegou pela primeira vez a uma redação de um jornal direcionado para as questões da economia, o responsável pelas informações bolsistas lhe disse que a bolsa não tinha nada a ver com economia, só tinha a ver com psicologia.

Apesar de as expectativas servirem para nos prepararem para a ação, não ter expectativas “realistas” pode colocar-nos numa posição em que pensamentos mágicos ganhem forma. Sobrevalorizar ganhos ou conceitos de crescimento continuo são falácias em que facilmente se pode cair, ao ponto de estarmos a ganhar e termos a sensação de estarmos a perder.

As expectativas afetam a forma como as pessoas pensam, sentem e se comportam, orientam a forma como interpretam a informação que os rodeia, mapeia a distribuição dos recursos que pensam ser necessários para atingir objetivos, impactando os processos de tomada de decisão e a avaliação que fazemos dos mesmos. Então qual é o valor das expectativas? A resposta é depende. Depende de onde as colocamos, que fatores comparamos, que interpretação fazemos quando as avaliamos.

A antecipação que fazemos do futuro é um exercício que deve ter um valor mais orientador do que antecipador de garantias e saber ler as nossas expectativas, ligando as nossas competências com os resultados que queremos atingir num determinado espaço temporal que muda cada vez a maior velocidade), é algo difícil e que por vezes nos faz pensar que perdemos quando afinal ainda estamos a ganhar. No caso da empresa que detém o Facebook o valor das expetativas é de um prejuízo de 20 mil milhões de dólares.