O antigo secretário de Estado norte americano Henry Kissinger pediu esta terça-feira ao Ocidente que pare de tentar infligir uma derrota esmagadora às forças russas na Ucrânia e que tenha em conta o lugar da Rússia no equilíbrio de poder europeu. Com esse fim em vista, esteve perto de sugerir uma intimidação à Ucrânia para negociar e ceder ao Kremlin.
Segundo o “The Telegraph”, em causa está a estabilidade de longo prazo da Europa. Por isso, a partir de Davos, onde acontece o Fórum Económico Mundial, disse que a guerra não se deve arrastar por muito mais tempo, e chegou perto de pedir ao Ocidente que intimide a Ucrânia a aceitar negociações em termos que ficam muito aquém dos seus atuais objetivos de guerra, como ceder território.
“As negociações precisam começar nos próximos dois meses antes que criem reviravoltas e tensões que não serão facilmente superadas. Idealmente, a linha divisória deve ser um retorno ao status quo anterior. Prosseguir a guerra além desse ponto não seria sobre a liberdade da Ucrânia, mas uma nova guerra contra a própria Rússia”, declarou.
O arquiteto da reaproximação da Guerra Fria entre os EUA e a China disse que a Rússia foi uma parte essencial da Europa por 400 anos, garantindo o equilíbrio de poder europeu em momentos críticos. Agora, os líderes europeus não devem perder de vista o relacionamento de longo prazo, nem devem arriscar empurrar a Rússia para uma aliança permanente com a China.
Em relação ao país invadido por ordem do presidente russo, disse: “Espero que os ucranianos correspondam ao heroísmo que demonstraram com sabedoria”, acrescentando que o papel adequado para o país é ser um estado-tampão neutro e não a fronteira da Europa.
O antigo campeão de xadrez Garry Kasparov já veio criticar a posição do ex-político. Para além de imoral, foi provada errada repetidamente, defende. “Ceder a grandes esferas de poder como Putin e Xi Jinping querem não é sustentável porque os ditadores inevitavelmente precisam de conflito. Esta não é a Guerra Fria”, frisou o soviético considerado persona non-grata pelo Kremlin no dia 20 deste mês.
“As recomendações de Kissinger acompanham de perto os objetivos do seu amigo Putin”, acrescentou. “Pare de dizer aos ucranianos o que eles devem ou não conceder”.
Kissinger's position is not merely immoral–if you care about such things–it's been proved wrong over and over. Conceding to great power spheres like Putin and Xi Jinping want isn't sustainable because dictators inevitably need conflict. This isn't the Cold War. https://t.co/hcdS8w8GpX
— Garry Kasparov (@Kasparov63) May 24, 2022
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