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Ocidente deve ser mais brando com a Rússia e a Ucrânia deve ceder, defende Kissinger

Segundo o ex-secretário de Estado dos EUA, os líderes europeus não devem perder de vista o relacionamento de longo prazo com a Rússia, nem devem arriscar empurrá-la para uma aliança permanente com a China. O antigo campeão de xadrez Garry Kasparov disse que essa posição, para além de imoral, foi provada errada repetidamente.
24 Maio 2022, 16h59

O antigo secretário de Estado norte americano Henry Kissinger pediu esta terça-feira ao Ocidente que pare de tentar infligir uma derrota esmagadora às forças russas na Ucrânia e que tenha em conta o lugar da Rússia no equilíbrio de poder europeu. Com esse fim em vista, esteve perto de sugerir uma intimidação à Ucrânia para negociar e ceder ao Kremlin.

Segundo o “The Telegraph”, em causa está a estabilidade de longo prazo da Europa. Por isso, a partir de Davos, onde acontece o Fórum Económico Mundial, disse que a guerra não se deve arrastar por muito mais tempo, e chegou perto de pedir ao Ocidente que intimide a Ucrânia a aceitar negociações em termos que ficam muito aquém dos seus atuais objetivos de guerra, como ceder território.

“As negociações precisam começar nos próximos dois meses antes que criem reviravoltas e tensões que não serão facilmente superadas. Idealmente, a linha divisória deve ser um retorno ao status quo anterior. Prosseguir a guerra além desse ponto não seria sobre a liberdade da Ucrânia, mas uma nova guerra contra a própria Rússia”, declarou.

O arquiteto da reaproximação da Guerra Fria entre os EUA e a China disse que a Rússia foi uma parte essencial da Europa por 400 anos, garantindo o equilíbrio de poder europeu em momentos críticos. Agora, os líderes europeus não devem perder de vista o relacionamento de longo prazo, nem devem arriscar empurrar a Rússia para uma aliança permanente com a China.

Em relação ao país invadido por ordem do presidente russo, disse: “Espero que os ucranianos correspondam ao heroísmo que demonstraram com sabedoria”, acrescentando que o papel adequado para o país é ser um estado-tampão neutro e não a fronteira da Europa.

O antigo campeão de xadrez Garry Kasparov já veio criticar a posição do ex-político. Para além de imoral, foi provada errada repetidamente, defende. “Ceder a grandes esferas de poder como Putin e Xi Jinping querem não é sustentável porque os ditadores inevitavelmente precisam de conflito. Esta não é a Guerra Fria”, frisou o soviético considerado persona non-grata pelo Kremlin no dia 20 deste mês.

“As recomendações de Kissinger acompanham de perto os objetivos do seu amigo Putin”, acrescentou. “Pare de dizer aos ucranianos o que eles devem ou não conceder”.

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