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Odemira. Onde a água se transforma em alimentos

O final de julho foi palco de um conjunto de iniciativas organizadas pela Lusomorango – Organização de Produtores de Pequenos Frutos, com operação na região de Odemira, e o Centro de Estudos aplicados da Universidade Católica Portuguesa.
26 Julho 2022, 14h23

Em Odemira debate-se o tema da eficiência no consumo de água na agricultura e na agroindústria, a sustentabilidade dos processos e o ordenamento do território.

O Aproveitamento Hidroagrícola do Mira é um território de 12 mil hectares e que funciona em comunhão com um parque natural, com um nível atual de água armazenada de 183 milhões de metros cúbicos, sendo que as empresas que operam neste território registam uma faturação anual de 300 milhões de euros, com 80% do volume de negócios a dirigir-se aos mercados externos.

O final de julho foi palco de um conjunto de iniciativas organizadas pela Lusomorango – Organização de Produtores de Pequenos Frutos, com operação na região de Odemira, e o Centro de Estudos aplicados da Universidade Católica Portuguesa.

Dentro do programa “Visão Estratégica para o Agroalimentar – Conhecer para Decidir, Planear para Agir” e que arrancou em 2021, realizaram-se visitas a empresas da região para se perceber alguns dos melhores exemplos de produção. Aconteceu ainda o 4º Colóquio Hortofrutícola com os temas relevante do momento: a água, a sustentabilidade e a gestão do território.

A escassez da água é o tema imediato para os produtores, mas também as condições do mercado com a guerra na Ucrânia e que resultou numa crise de abastecimentos e a inflação do preço da energia. Em simultâneo, a região de Odemira – que ganhou relevo pela capacidade climática ótima a nível da produção de pequenos frutos, sofre com a escassez de água disponível.

Abastecidos pela barragem de Santa Clara que foi construída para servir o perímetro por gravidade, sofre com a ausência de chuva. O Aproveitamento Hidrográfico do Mira precisa de ser modernizado para evitar as perdas na distribuição, sendo que a escassez levou a um corte de dotação por regante para os 2 mil m3 para a campanha de 2022, um volume que agricultores e produtores consideram insuficiente para a maioria das culturas produzidas na região.

Estes foram temas abordados no 4º Colóquio Hortofrutícola e onde ficou claro que o preço da água irá aumentar, mas onde também ficaram soluções como o transvase e a construção de centrais de dessalinização.

Maravilha Farms, Frupor e Hortipor são alguns dos bons exemplos de gestão de recursos como a água e o uso de tecnologia na rega e no controlo da exposição solar. Estas empresas são líderes na sua especialidade ao nível da produção de frutos vermelhos, legumes, plantas ornamentais e vinho de forma biológica.

A disponibilidade de água por regante já obrigou alguns destes projetos a reinventarem-se, alguns a reduzir a área de exploração e, por consequência a desaproveitar a exposição solar que torna a região competitiva em relação a países do centro e norte da Europa.

Odemira é o único concelho no país que apresenta crescimento populacional, muito por efeito da emigração que trabalha nesta agricultura e agroindústria. As maiores empresas têm gerado soluções de alojamento e, inclusive criado soluções para a manutenção em permanência da mão-de-obra.

Qualquer uma destas empresas têm colaboradores de quase dezenas de nacionalidades, sendo que parte deles estão há mais de uma dezena de anos nas mesmas empresas e criaram raízes com as respetivas famílias. Há casos onde os colaboradores vão na terceira geração a laborar na mesma empresa.

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