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OE2020: Criadores de bovinos contra taxa sobre a carne

No entender desta associação, “a proposta, que pretende justificar a aplicação da taxa sobre a carne com a pegada ecológica, não tem em conta os impactos ambientais positivos do setor agropecuário na fixação de populações nas zonas rurais e do interior e não valoriza a relevância destas atividades no ordenamento do território, na sustentabilidade das terras e no contributo decisivo que dão para assegurar a biodiversidade”.
6 Fevereiro 2020, 13h32

A ANEB – Associação Nacional dos Engordadores de Bovinos manifestou hoje, dia 6 de fevereiro, a sua oposição à proposta de novas taxas a aplicar sobre o preço da carne, em discussão em curso na Assembleia da República no âmbito do debate do Orçamento do Estado para 2020, considerando-a “completamente insensata”.

“A coberto de motivações ambientalistas, a proposta do PAN para taxar a carne esconde uma agenda radical e agressiva, que pretende alterar os hábitos de consumo e as opções de escolha dos portugueses. A aplicação da taxa e o aumento do preço da carne impediria, a um número crescente de consumidores, o acesso a esta fonte de proteína, tão importante para uma dieta equilibrada. Uma medida que seria irresponsável e socialmente discriminatória, uma vez que teria impacto acrescido junto dos consumidores com menos recursos”, defende um comunicado da ANEB.

No entender desta associação, “a proposta, que pretende justificar a aplicação da taxa sobre a carne com a pegada ecológica, não tem em conta os impactos ambientais positivos do setor agropecuário na fixação de populações nas zonas rurais e do interior e não valoriza a relevância destas atividades no ordenamento do território, na sustentabilidade das terras e no contributo decisivo que dão para assegurar a biodiversidade”.

“No caso da produção agropecuária em extensivo, a qual tem um maior peso no nosso país e representa cerca de 50% da produção bovina em Portugal, há até evidências científicas que sustentam um reduzido impacto ambiental, uma vez que as pastagens e a floresta têm um papel determinante na fixação de carbono. O setor agropecuário garante a não desertificação do interior e a valorização do território nacional em toda a sua extensão, exigindo igualmente o desenvolvimento de todas as atividades económicas e a manutenção dos serviços necessários às populações residentes, contribuindo para atenuar as assimetrias que a redução do agropecuário no interior iria potenciar de forma ainda mais evidente”, defende a associação presidida por Nuno Lagoa Ramalho.

No entender da ANEB, “a diminuição do consumo de carne resultaria, de imediato, numa quebra da produção nacional e numa crescente fragilização da economia portuguesa, que já tem de importar cerca de metade da carne que é consumida no país e que, assim, ficaria ainda mais dependente do exterior”.

“A aplicação desta medida implicaria igualmente uma perda de competitividade dos empresários portugueses, que têm de concorrer num quadro global muito competitivo e que, devido a um forte investimento e à adoção de práticas mais sustentáveis, têm tornado o agropecuário nacional e a qualidade dos seus produtos cada vez mais reconhecidos e apreciados interna e externamente”, alerta a ANEB.

O comunicado desta associação reforça: “porque entende que o agropecuário se assume estratégico na estrutura económica do país, a ANEB refuta todas as propostas populistas e agendas políticas específicas e parciais que, de forma ardilosa, não pretendem enquadrar todas as dimensões (ambiental, económica e social) que devem presidir a uma discussão séria destas questões, que não pode, de todo, ser feita em sede de discussão de orçamento”.

“A ANEB tem representatividade em todo o território continental e Açores, assumindo maior expressão nas regiões da Estremadura, Ribatejo e Alentejo, e encontra-se disponível para debater e fornecer todas as informações que possam promover medidas sustentadas e equilibradas”, conclui o referido comunicado.

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