Os patrões e associações empresariais mostram-se desiludidos com a falta de resposta que a proposta de Orçamento do Estado para 2021 (OE2021) apresenta para o tecido empresarial. À saída da reunião desta manhã de concertação social, foram deixados elogios à preocupação com a vertente social, mas pedia-se para as empresas.
“O documento deveria conter duas dimensões: o apoio social, que está lá contido, e o apoio empresarial, em que constatamos que há uma maior ausência de medidas em benefício da economia”, defendeu António Saraiva, da Confederação da Indústria Portuguesa.
O representante dos patrões e empresários afirmou ainda que, tal como o orçamento procura equilíbrio entre despesa e receita, deveria fazer o mesmo “entre o social e o empresarial”. Tal visão é partilhada por Francisco Calheiros e João Vieira Lopes, que se queixaram também da falta de detalhe nalgumas propostas apresentadas, além da “pouca profundidade” de outras.
“O OE é pouco profundo e agressivo em relação ás necessidades das empresas”, argumenta o presidente da Confederação de Comércio e Serviços de Portugal (CCP), João Vieira Lopes, que detalhou as áreas em que o documento deveria ser mais ambicioso. Nomeadamente, Vieira Lopes nota que o choque ao consumo que havia pedido a CCP está muito longe do proposto e que as medidas de desagravamento fiscal são escassas e muito limitadas.
“Achamos que, da parte do Governo, afirmar que não aumentar impostos é um apoio às empresas não tem nexo”, completou.
Francisco Calheiros, da Confederação do Turismo de Portugal (CTP), destacou o carácter positivo das medidas de apoio social, mas pediu mais para as empresas. O representante de um dos setores mais vitais, mas também mais profundamente atacados pela pandemia, diz ter saído da reunião sem saber o que irá acontecer em termos de lay-off, medidas de capitalização ou moratórias de caducidade da contratação coletiva, isto pela falta de detalhe das propostas.
Outro dos aspetos que a CTP transmitiu ao governo foi a sua preocupação com o Brexit, que afeta um dos principais mercados emissores de turistas para Portugal. Isto, combinado com a falta de uniformidade europeia nas restrições à mobilidade dos cidadãos deverá condicionar profundamente o turismo nacional, algo que preocupa Calheiros e a Confederação.
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