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Oferta pública da Science4You vai ser apenas para investidores de retalho, diz Pina Martins

O CEO da empresa portuguesa de brinquedos científicos informou, esta quinta-feira, na Web Summit que o objetivo é que a operação de dispersão de até 45% do capital em bolsa aconteça nos próximos dois meses. Acrescentou que o objetivo é investir no ‘e-commerce’.
8 Novembro 2018, 12h20

A Oferta Pública de Distribuição para a entrada em bolsa da Science4you vai ser destinada apenas a investidores de retalho, e não a institucionais, e irá acontecer nos próximos dois meses, afirmou esta quinta-feira o CEO da empresa, Miguel Pina Martins. O gestor adiantou, durante a Web Summit, que um dos objetivos principais da operação é ganhar capacidade para investir no e-commerce.

“A oferta dirige-se ao retalho, em Portugal especialmente, mas também aberto a quem quiser vir de fora. Está muito focado em investidores que conhecem, gostam e consomem Science4You. Além de puderem contribuir para a educação das crianças, que possam também também participar no crescimento da empresa através das ações”, afirmou Pina Martins, em declarações aos jornalistas.

A empresa portuguesa dedicada ao desenvolvimento, produção e comercialização de brinquedos, informou esta quinta-feira, em comunicado,  que quer lançar uma Oferta Pública de Distribuição (IPO – Initial Public Offer) sobre ações representativas do seu capital social e solicitar a admissão à negociação no sistema de negociação multilateral Euronext Growth.

Nenhum investidor sai da estrutura acionista atual

“O Euronext Growth acaba por ser a forma mais fácil de uma empresa em Portugal fazer um IPO e é a última estação antes do mercado regulado. E também porque o nosso objetivo de longo prazo é que a empresa possa crescer e que as pessoas possam participam neste crescimento”, afirmou. Quanto à vontade de entrar no PSI 20, o CEO não excluiu a hipótese, referindo que poderá vir a ser um passo.

A empresa referiu, em comunicado divulgado no site da CMVM, que o IPO vai incluir a emissão de novas ações pela Science4you, S.A., em montante de aproximadamente 8,25 milhões de euros, e uma venda parcial de ações já existentes detidas por atuais acionistas da empresa.

Espera-se ainda que seja constituído por uma componente de aumento de capital e outra de venda de ações de atuais acionistas da empresa, podendo chegar até ao montante total de 15 milhões de euros, o que equivale a uma percentagem de capital a dispersar de até 45% do capital social.

Entre os principais investidores da Science4You estão o Millennium Fundo de Capitalização, a Portugal Ventures e o Banco Europeu de Investimento. Pina Martins revelou, na Web Summit, que nenhum dos atuais investidores irá sair do capital da empresa no IPO (ou vender mais de 50% da posição atual), mas explicou que todos irão vender uma parcela das participações.

Science4You quer seguir o exemplo da Raize e fugir do da Sonae MC

“Sempre acreditámos que podíamos fazer um IPO, mas houve uma operação este ano, que foi a da Raize que nos deu o trigger para avançar. É um sonho porque permite que alguns investidores institucionais possam sair um pouco – apesar de que todos vão ficar no capital da empresa, incluindo eu próprio – e também porque permite fazer um aumento de capital. Conseguimos satisfazer os dois mundos”, disse Pina Martins.

O CEO da empresa sublinhou que a entrada em bolsa da fintech portuguesa Raize em julho é um exemplo a seguir, enquanto não espera uma situação semelhante ao falhanço do IPO da Sonae MC no mês passado. “São operações muito diferentes. A Raize é uma operação muito mais parecida com a nossa do que a Sonae”, referiu.

No comunicado, a Science4You alertou que o IPO encontra-se ainda sujeito às aprovações necessárias, designadamente a aprovação do prospeto pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, e a condições de mercado favoráveis. No entanto, Pina Martins diz estar positivo quanto ao sucesso da operação.

“Há sempre sinais que vamos ter de interpretar e que vamos estar sempre atentos ao que o mercado disser, especialmente nos próximos dois meses, mas estamos positivos a acreditar que vamos conseguir”, disse o gestor. “Já houve contactos e há interesse dos investidores, mas o momento mais crítico é o da oferta”.

Aumento de capital vai reforçar aposta no e-commerce

Quanto à estratégia, irá manter-se focada em crescer, especialmente no online. “Ser cotado dá-nos holofotes de transparência e de ser uma empresa regulada, que é bastante importante para nós, mas acima de tudo, uma parte significativa da operação é por aumento de capital para que a empresa se capitalize e possa crescer mais que no ano passado”, afirmou.

Dez anos após a sua criação como startup, é hoje um importante player  no mercado de brinquedos em Portugal, com um volume de vendas consolidadas superior a 20 milhões de euros. A internacionalização irá continuar, mas o principalmente objetivo é o e-commerce.

“Já estamos praticamente em quase todos os mercados relevantes”, disse o CEO, referindo que a empresa está presente em mais de 50 países. “O nosso grande objetivo é fazer crescer vendas e este investimento serve para uma aposta muito clara no e-commerce. Os brinquedos têm uma grande quota de mercado de comércio online e consideramos que ainda há um potencial muito grande para continuar a crescer”, acrescentou.

[Atualizada às 12h56]

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