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‘On hold’. Fed deve manter taxas de juro inalteradas na primeira reunião de 2020

Apesar da subida da inflação em dezembro, o alívio das tensões comerciais e a força da economia interna dos Estados Unidos deverão levar a Reserva Federal a manter uma pausa “prolongada” na política acomodatícia após a primeira reunião de 2020, referiu Franck Dixmier, Global Head of Fixed Income, da Allianz Global Investors.
29 Janeiro 2020, 08h13

Depois de três cortes das taxas de juro em 2019, a Reserva Federal norte-americana (Fed) deverá continuar a pressionar o botão ‘pause‘ na política acomodatícia após a reunião de dois dias do Federal Open Market Committee (FOMC), que tem início esta quarta-feira, repetindo o desfecho da última reunião, realizada em dezembro.

Em outubro do ano passado, o banco central dos Estados Unidos liderado por Jerome Powell procedeu ao terceiro corte da taxa de juro diretora em 25 pontos base, para um intervalo de 1,50% a 1,75%, que se mantém. A Fed justificava a decisão à luz das implicações dos desenvolvimentos globais para o outlook económico e também das ténues pressões inflacionárias.

“A Fed parece pronta a estender a pausa da sua política acomodatícia”, disse Franck Dixmier, Global Head of Fixed Income, da Allianz Global Investors (Allianz GI), salientando ainda que é “provável” que a instituição liderada por Jerome Powell “tenha uma perceção positiva das perspetivas e riscos económicos”.

A perspectiva externa melhorou quando, no dia 15 de janeiro, os Estados Unidos e a China assinaram a primeira fase do acordo comercial que, apesar de ter deixado aspetos importantes de fora, devolveu alguma confiança aos mercados depois de 18 meses de guerra comercial que espalhou a incerteza no comércio global.

A nível interno, a economia norte-americana continua pujante e o quarto trimestre de 2019 deverá prolongar o mais longo período de expansão económica da história dos Estados Unidos. Na sexta-feira, será divulgada a estimativa rápida do crescimento do PIB entre outubro e dezembro de 2019. A Fed de Atalanta antecipa que a maior economia do mundo tenha crescido 1,7%.

São argumentos para a “renovada confiança [da Fed] que se espalhou por todas as classes de ações”, referiu Franck Dixmier. ” É provável que a Fed tenha uma perceção mais positiva das perspetivas e riscos económicos”, vincou o analista da Allianz GI.

“De fato, o alívio dos riscos – em particular a diminuição das tensões comerciais entre os Estados Unidos e a China – reduz o risco negativo de crescimento global e reforça o cenário de crescimento dos EUA a estabilizar no seu potencial (2%)”, explicou Franck Dixmier.

De acordo com o site  CME FedWatch Tool, as probabilidades de o FOMC manter a taxas de juro diretora inalterada são de 87,3%, com os restantes 12,7% atribuidos à possibilidade de um aumento. Segundo o site, que monitoriza a negociação dos futuros da taxa de juro, a probabilidade de uma descida na taxa de juro é nula.

Ainda assim, Franck Dixmier lembrou que a inflação atingiu os 2,3% em dezembro, o que “pode dar origem a receios de uma postura menos acomodatícia por parte da Fed”. Mas o Global Head of Fixed Income, da Allianz GI explicou que “este aumento recente da inflação total deve ser colocado em perspetiva, dada a fraqueza do PCE (Índice de Preços de Despesas de Consumo Pessoal, medido pelos gastos das famílias), que ficou em +1,5% em novembro, e em especial do indicador preferido da Fed, o PCE-base (que exclui gastos com alimentação e energia), em +1,6% em novembro”.

Sobre o mercado de trabalho, Franck Dixmier referiu que “ainda não se traduziu em nenhuma pressão significativa sobre os salários”, numa altura em que o emprego nos Estados Unidos demonstra força. Nos últimos dois meses de 2019, a economia norte-americana assistiu à criação de 410 mil postos de trabalho – 265 mil dos quais em novembro -, enquanto a taxa de desemprego situou-se nos 3,5%, mínimos históricos de 50 anos.

“Nesse contexto parece-nos, por isso, justificado um status quo, ou “pausa prolongada”, um cenário que foi igualmente validado pelos mercados”, concluiu o analista da Allianz GI.

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