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Onda de repúdio pela Raríssimas nas redes sociais

A eventual utilização de fundos da associação sem fins lucrativos para gastos pessoais por parte da sua presidente está a deixar os portugueses irritados, apesar da sucessão de ocorrências do género. O Ministério Público já está a avaliar a situação.
10 Dezembro 2017, 16h04

Paula Brito Costa, presidente da Raríssimas – uma associação sem fins lucrativos que recebeu mais de 1,5 milhões de euros, dos quais metade são subsídios estatais – pode ter recorrido aos fundos daquela associação para pagar mensalmente milhares de euros em despesas pessoais, segundo avança uma reportagem da TVI.

A denúncia de mais esta eventual ilegalidade envolvendo uma associação sem fins lucrativos destinada a minimizar os problemas sociais dos mais pobres (no caso, os portadores de doenças metais e doenças raras) acabou por redundar numa onda de protestos que já atingiu as redes sociais – mesmo depois de a associação ter afirmado, segundo alguma imprensa, que a reportagem é uma perseguição.

Para a TVI, surgem também envolvidos no esquema de utilização fraudulenta de recursos da associação o secretário de Estado da Saúde, que foi consultor da associação recebendo 3 mil euros por mês, e a deputada do PS Sónia Fertuzinhos, que viajou até à Noruega paga pela Raríssimas.

A reportagem indica que Paula Brito da Costa recebia um salário base de 3 mil euros por mês, a que acresciam 1.300 em ajudas de custo, 816,67 euros de um plano poupança-reforma e ainda 1.500 euros em deslocações. Aquela responsável teria também direito a um carro da associação – apesar de remeter para os serviços o pedido de pagamento dos quilómetros que percorria com esse automóvel.

A reportagem revela como a presidente terá recorrido aos fundos daquela associação — que só em 2016 recebeu quase um milhão de euros do Estado — em benefício próprio, gastando dinheiro em roupa de luxo, supermercado e outros artigos destinados ao seu usufruto pessoal. As acusações feitas contra Paula Brito Costa são corroboradas pelo testemunho de vários ex-funcionários da Raríssimas.

Entretanto, o Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social vai “avaliar a situação” da Raríssimas e “agir em conformidade”, após a denúncia de alegadas irregularidades na gestão financeira e de uso indevido de dinheiros da associação pela sua presidente, adianta a agência Lusa.

“Depois da peça transmitida pela TVI no passado sábado a propósito da Instituição Raríssimas, e tendo em conta os factos relatados, o Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, dentro das suas competências, irá avaliar a situação e agir em conformidade, tendo sempre em conta, e em primeiro lugar, o superior interesse dos beneficiários desta instituição”, diz o ministério, em comunicado hoje divulgado.

O canal televisivo TVI divulgou no sábado uma reportagem sobre a gestão da associação Raríssimas – Associação Nacional de Doenças Mentais e Raras, financiada por subsídios do Estado e donativos. A investigação mostra documentos que colocam em causa a gestão da instituição de solidariedade social, nomeadamente da sua presidente, Paula Brito e Costa, que alegadamente terá usado o dinheiro em “compra de vestidos de alta-costura e gastos pessoais”.

O caso, diz a TVI, está já a ser investigado pela Polícia Judiciária.

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