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ONU alerta: pandemia pode fazer crescer mortalidade infantil

O organismo internacional alerta para a pressão que resultará nos sistemas nacionais de saúde fruto da pandemia, um fator que poderá levar ao desinvestimento nos cuidados neonatais.
  • Baz Ratner/REUTERS
10 Setembro 2020, 07h30

A pandemia de Covid-19 pode levar a um retrocesso de décadas no combate à mortalidade infantil por todo o mundo, alerta a ONU. Num relatório conjunto de várias agências do órgão, mais notoriamente a UNICEF e a Organização Mundial da Saúde (OMS), surge o alerta para os efeitos que o novo coronavírus pode ter nos cuidados de saúde das grávidas e dos recém-nascidos, particularmente nos países menos desenvolvidos.

A principal preocupação das agências prende-se com o aumento da pressão sobre os sistemas de saúde nacionais, que, para fazer frente à emergência pandémica, poderão ter de alocar recursos de áreas como a neonatologia para os cuidados intensivos.

O aviso surge no ano após a ter sido registado um recorde para o menor número de mortes infantis evitáveis a nível global, com 5,2 milhões de óbitos registados. Há 30 anos, este número era de 12,5 milhões.

Henrietta Fore, a diretora executiva da UNICEF, disse que “o mundo chegou longe demais no combate às mortes infantis evitáveis para deixar que a pandemia de Covid-19 nos impeça de atingir o nosso objetivo”.

“Quando são negados a crianças cuidados de saúde porque o sistema está acima da sua capacidade ou quando mulheres têm medo de dar à luz em hospitais por medo de infeção, eles também são vítimas da pandemia”, acrescentou.

Um inquérito conduzido pela UNICEF revela que 68% dos 77 países envolvidos tinha experienciado algum tipo de disrupção dos seus serviços de saúde como resultado da pandemia. Além disso, 63% reportaram disrupções nos cuidados de prevenção pré-natais e 59% nos pós-natais.

Um inquérito semelhante da OMS mostrou 52% dos 105 países inquiridos a reportar problemas nos cuidados a crianças doentes e 51% no acompanhamento a crianças subnutridas.

“Não podemos deixar que a pandemia de Covid-19 destrua os incríveis progressos atingidos para as crianças e futuras gerações”, alertou Thedros Adhanom Ghebreyesus, o diretor-geral da OMS, que pediu mais investimento em “sistemas de saúde mais fortes e resilientes”.

Em Portugal, a taxa de mortalidade em 2019 foi de 2,7, depois do aumento para 3,3 de 2018 que levou a um inquérito da Direção-Geral de Saúde. Este valor faz do nosso país o 13º da UE com o valor mais baixo, ficando abaixo da média europeia.

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