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ONU anuncia mais 36,4 milhões para “assistência vital” aos mais vulneráveis.

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, anunciou hoje a alocação de mais 40 milhões de dólares (36,4 milhões de euros) para a assistência vital aos “mais vulneráveis” e afetados pela guerra na Ucrânia.
14 Março 2022, 17h13

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, anunciou hoje a alocação de mais 40 milhões de dólares (36,4 milhões de euros) para a assistência vital aos “mais vulneráveis” e afetados pela guerra na Ucrânia.

“Enquanto milhões de pessoas na Ucrânia enfrentam fome e escassez de suprimentos de água e remédios, anuncio hoje que as Nações Unidas alocarão mais 40 milhões de dólares do Fundo Central de Resposta de Emergência para aumentar a assistência vital para alcançar os mais vulneráveis”, informou Guterres num comunicado lido à imprensa na sede da ONU, em Nova Iorque.

Este financiamento, segundo o secretário-geral, ajudará a obter suprimentos essenciais como “alimentos, água, medicamentos e outras ajudas vitais para o país, bem como fornecer assistência em dinheiro”, acrescentou, ressaltando a “importância crucial de respeitar o Direito Internacional Humanitário”.

Guterres falou à imprensa no momento em que o Conselho de Segurança da ONU se reúne para a abordar a segurança e cooperação na Europa.

O secretário-geral recordou as “proporções terríveis” e as perdas que o ataque da Rússia já causou à Ucrânia, com pelo menos 24 unidades de saúde danificadas ou destruídas ou centenas de milhares de pessoas sem água ou eletricidade, assegurando que cerca de 600.000 pessoas já receberam algum tipo de ajuda da ONU.

“Pelo menos 1,9 milhões de pessoas estão deslocadas dentro do país, e um número crescente está a escapar além das fronteiras. Estou profundamente grato pela solidariedade dos vizinhos da Ucrânia e de outros países anfitriões, que acolheram mais de 2,8 milhões de refugiados nas últimas duas semanas”, disse, reforçando que a “maioria dos que fazem a jornada traiçoeira são mulheres e crianças”.

Nesse sentido, Guterres alertou para um outro problema que tem surgido com a fuga destes ucranianos vulneráveis: “predadores e traficantes de seres humanos”, que veem nesta guerra uma oportunidade para desenvolver os seus crimes.

Outra das dimensões abordadas por Guterres neste pronunciamento foram as consequências económicas desta guerra em países em desenvolvimento, que, além de terem sido fustigado pela pandemia de covid-19, veem agora o seu “cesto de pão” a ser bombardeado.

“A Rússia e a Ucrânia representam mais da metade da oferta mundial de óleo de girassol e cerca de 30 por cento do trigo do mundo. A Ucrânia sozinha fornece mais da metade do suprimento de trigo do Programa Mundial de Alimentos”, afirmou.

“Os preços dos alimentos, combustíveis e fertilizantes estão a subir rapidamente. As cadeias de fornecimento estão a ser interrompidas. E os custos e atrasos no transporte de mercadorias importadas – quando disponíveis – estão em níveis recordes”, lamentou, frisando que os mais pobres são os mais afetados por estes fatores.

António Guterres renovou assim o seu apelo para que os países “encontrem maneiras criativas de financiar” as crises humanitárias em todo o mundo, e cedam “imediatamente” fundos para esse fim.

“O meu apelo aos líderes é para que resistam à tentação de aumentar os orçamentos militares”, defendeu Guterres, que estendeu ainda os seus apelos pelo fim das ameaças de conflito nuclear.

O secretário-geral das Nações Unidas afirmou que “aumentar o nível de alerta das forças nucleares russas é um desenvolvimento de arrepiar os ossos” e que a perspetiva de um “conflito nuclear, antes impensável, agora está de volta ao reino das possibilidades”.

“É hora de parar o horror desencadeado sobre o povo da Ucrânia e seguir o caminho da diplomacia e paz”, pediu o português.

A ofensiva militar russa na Ucrânia, iniciada a 24 de fevereiro, já causou pelo menos 636 mortos e mais de 1.125 feridos entre os civis, incluindo mais de uma centena de crianças, segundo os mais recentes dados da ONU.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas a Moscovo.

 

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