[weglot_switcher]

Operação Marquês: Juiz Ivo Rosa ouve hoje amigo de Sócrates

Carlos Santos Silva vai ser interrogado nesta quarta-feira, pelo juiz do tribunal central de instrução criminal de Lisboa. Ivo Rosa vai ouvir empresário e amigo que alegadamente emprestava dinheiro ao antigo governante e lhe pagava contas. E vai querer esclarecer contradições entre justificações de Sócrates para empréstimos e o que Santos Silva alegou no primeiro interrogatório em 2014.
27 Novembro 2019, 07h53

Carlos Santos Silva, amigo do antigo primeiro-ministro José Sócrates e também um dos arguidos da Operação Marquês, vai ser interrogado pelo juiz Ivo Rosa nesta quarta-feira, 27 de novembro. Santos Silva é acusado de ser “testa de ferro” do ex-líder do PS. Segundo a acusação, era o empresário e amigo que alegadamente emprestava dinheiro ao antigo governante e lhe pagava contas.

Carlos Santos Silva, que tal como Sócrates chegou a estar em prisão preventiva, foi acusado pelo Ministério Público da prática de 33 crimes. Segundo a acusação, Santos Silva recebeu dinheiro que teria como destinatário o ex-primeiro-ministro, sendo acusado de 33 crimes de corrupção passiva e ativa, branqueamento de capitais (17 crimes), falsificação de documentos (10), fraude fiscal e fraude fiscal qualificada (3).

Na fase de instrução, o antigo primeiro-ministro socialista começou a ser interrogado, a seu pedido, a 28 de Outubro, quase cinco anos após ter sido detido por suspeitas de branqueamento de capitais, corrupção, fraude fiscal e falsificação de documentos. Sócrates é acusado de 31 crimes de corrupção passiva de titular de cargo público, branqueamento de capitais, falsificação de documentos e fraude fiscal qualificada

O ex-primeiro-ministro foi o penúltimo arguido a ser interrogado nesta fase, estando previsto que o seu amigo e empresário Carlos Santos Silva reste hoje  declarações.  Durante cinco dias de interrogatório, o ex-primeiro-ministro negou sempre as acusações do Ministério Público e procurou justificar os empréstimos em dinheiro do seu amigo Santos Silva, nomeadamente para despesas em viagens.

Perante o juiz Ivo Rosa, Sócrates argumentou que a mãe tinha dinheiro porque nos anos 80 tinha recebido uma herança de um milhão de contos (cinco milhões de euros), tendo lhe doado parte desse dinheiro, cerca de 10 mil euros, para cada uma das viagens de lazer que fez enquanto primeiro-ministro e posteriormente. Uma tese que é colocada em causa pelo amigo de Sócrates quando Carlos Santos Silva disse no interrogatório de Novembro de 2014 que os seus alegados empréstimos ao ex-primeiro ministro destinaram-se  também a permitir que Sócrates fizesse face a encargos com a subsistência da mãe.

É na fase de instrução,  fase processual facultativa, requerida por 19 dos 28 arguidos, que o juiz Ivo Rosa vai decidir se as provas recolhidas pelo Ministério Público (MP) são suficientemente fortes para conseguir uma condenação em tribunal, ou se a acusação tem margem para ser desmontada e deve cair.

O juiz Ivo Rosa começou a instrução no final de janeiro e pretende concluí-la um ano depois, já que o debate instrutório está marcado para os dias 27, 28, 29 30 e 31 de janeiro. José Sócrates, que esteve preso preventivamente durante dez meses e depois 42 dias em prisão domiciliária, está acusado de três crimes de corrupção passiva de titular de cargo político, 16 de branqueamento de capitais, nove de falsificação de documentos e três de fraude fiscal qualificada.

O processo Operação Marquês envolve 28 arguidos – 19 pessoas e nove empresas -, incluindo o ex-primeiro ministro José Sócrates, acusado de corrupção passiva de titular de cargo político, branqueamento de capitais, falsificação de documentos e fraude fiscal qualificada.

Segundo a acusação do MP, Sócrates terá  recebido cerca de 34 milhões de euros, entre 2006 e 2015, a troco de favorecimentos a interesses do ex-banqueiro Ricardo Salgado no Grupo Espírito Santos e para garantir a concessão de financiamento da Caixa Geral de Depósitos ao empreendimento Vale do Lobo, no Algarve, e ter acordado com o seu amigo Carlos Santos Silva negócios para favorecer empresas do grupo Lena através de obras do projeto Parque Escolar.

A Operação Marquês teve início a 19 de julho de 2013 e culminou na acusação a 28 arguidos – 19 pessoas e nove empresas – a 11 de outubro de 2017 pela prática de 188 de crimes económico-financeiros.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.