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Ordem dos Enfermeiros alerta para “caos” devido à gripe

A Ordem dos Enfermeiros antecipa complicações nos hospitais e centros de saúde devido à gripe, cujo vírus este ano é particularmente “perigoso”. Na ausência de reforço dos serviços, culpa o ministro da Saúde e questiona a manutenção do mesmo no cargo.
  • Damir Sagolj / Reuters
5 Dezembro 2017, 11h57

A Ordem dos Enfermeiros (OE) alerta que os hospitais continuam sem autorização para contratar enfermeiros para o período de contingência da gripe. Não estando acautelada um reforço, a OE antecipa “o caos nos hospitais e centros de saúde” nesta época gripal, cujo vírus, segundo a Direcção Geral da Saúde, pode ser particularmente perigoso.

Em comunicado, a OE recorda que já a 4 de outubro a OE alertou para a necessidade de reforçar os serviços antes do período da gripe, depois do encerramento de camas por falta de enfermeiros.

“Até ao momento, o ministro não fez nada. Os hospitais continuam sem autorização para contratar enfermeiros para o período de contingência da gripe”, realça a OE. E  deixa o alerta: “Não estamos a acautelar a contratação de enfermeiros. Como de costume, temo que vamos assistir ao caos nos hospitais e centros de saúde”.

Segundo a OE, com a conclusão do concurso de enfermeiros para os centros de Saúde, muitos profissionais dos hospitais concorreram e estão agora a ser deslocados para os centros de saúde. Uma situação, diz, que  agrava ainda mais a carência de enfermeiros nas unidades hospitalares.

Depois, lê-se no documento, os hospitais devem milhares de horas aos enfermeiros, não têm dinheiro para lhes pagar nem dias de folga para dar, realçando-se que  o ministro apresenta números “falsos” de contratações (porque conta com substituições de enfermeiros de baixa).

De acordo com a entidade liderada por Ana Rita Cavaco, os números de contratação que o ministro da Saúde apresenta” são falsos, porque contam com as substituições dos enfermeiros que entram de baixa”.

OE questiona continuidade de ministro

Num comunicado repleto de acusações ao ministro Adalberto Campos Fernandes, a Ordem dos Enfermeiros  fala também de questões laborais e salariais, e reafirma a falta de profissionais, concluindo que a Ordem “questiona a continuidade do atual ministro da Saúde no cargo”.

Segundo Ana Rita Cavaco, o ministro da Saúde “não responde às interpelações da OE desde julho”, nada fez “até ao momento” para reforçar os serviços de saúde apesar do aviso da Direção-Geral da Saúde de que o vírus da gripe pode ser particularmente perigoso este ano, diz a Ordem.

“Os hospitais continuam sem autorização para contratar enfermeiros para o período de contingência da gripe”, diz-se no comunicado.

Falta contratar 30 mil enfermeiros para chegar a média da OCDE

A OE alerta que falta contratar 30 mil enfermeiros para chegar à média da  Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) é de 9,1 enfermeiros por mil habitantes – Portugal tem 6,1 enfermeiros por mil habitantes – enquanto que em relação aos médicos, Portugal surge com um rácio elevado: 4,4 por cada 1000 habitantes, quando a média da OCDE é de 3,5.

O comunicado salienta que em quase todos os hospitais não se atinge o número mínimo de enfermeiros. E exemplifica aqui com os casos do São João no Porto, Amadora-Sintra, Garcia de Orta em Almada, Braga, Guimarães ou Centro Hospitalar do Oeste, entre outros

Segundo a OE,  o ministro não só não responde às exposições da Ordem como, diz, “elevou o grau de conflito” através, por exemplo, de cortes de vencimentos aos enfermeiros especialistas que participaram em ações de protesto, e marcação de faltas a quem participou em greves.

Esta questão, a acumular com “as polémicas públicas” relacionadas com a legionella ou com o Infarmed,  “a falsificação dos números das listas de espera”, leva a Ordem a questionar a continuidade do ministro.

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