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Os controversos aliados europeus da Catalunha na luta pela independência

Condenam a inação da União Europeia face à intransigência do Governo espanhol em não aceitar o referendo catalão, que deu vitória à independência da região com mais de 90%, e reclamam o direito à autodeterminação dos povos. Quem são e o que defendem?
  • Juan Medina/Reuters
4 Outubro 2017, 16h37

A Comissão Europeia considera que a questão da Catalunha é de foro interno do Estado espanhol e que deve ser resolvida de acordo com “a ordem constitucional em Espanha”, mas vários líderes e representantes de partidos de extrema-direita recusam-se a ficar calados. Condenam a inação da União Europeia face à intransigência do Governo espanhol em não aceitar o referendo catalão, que deu vitória à independência da região com mais de 90%, e reclamam o direito à autodeterminação dos povos.

Uma das vozes mais críticas foi a do eurodeputado britânico, Nigel Farage. Conhecido pela sua campanha entusiástica pelo Brexit, Nigel Farage diz estar grato pelos britânicos terem dado vitória à saída do Reino Unido da União Europeia, uma vez que Bruxelas terá permanecido calada enquanto as autoridades policiais de um Estado-membro feriam quase 900 pessoas em confrontos para impedir a realização do referendo catalão.

“Várias vezes disse que a UE era antidemocrática, mas nunca, nas minhas piores críticas, pensei que veríamos a polícia de um Estado-membro da União ferir 900 pessoas numa tentativa de as impedir de ir votar”, afirmou Nigel Farage, num debate no Parlamento Europeu, em Estrasburgo, sobre as negociações para a saída do Reino Unido da União Europeia.

Nigel Farage diz ainda que tal permite aos britânicos antever o que aconteceria se os nacionalistas escoceses ousassem pedir a independência. “Graças a Deus que vamos sair”, sublinhou.

Também o líder do Partido para a Liberdade (PVV) holandês, Geert Wilders, que fez temer a chegada ao poder da extrema-direita nas eleições de abril na Holanda, aproveitou a crise catalã para vir reafirmar o seu desacordo com as políticas praticadas na União Europeia. Geert Wilders considerou que o bloco europeu, considerado “tão democrático” é um lugar onde a “violência contra os povos é exercida”.

“A UE está em silêncio sobre a Catalunha. Vou levar a questão ao Parlamento esta semana”, afirmou Janice Atkinson, a antiga deputada do partido eurocético britânico UKIP, que faz agora parte do recém-formado grupo de extrema-direita no Parlamento Europeu, Europa das Nações e Liberdade (ENF).

Da Alemanha chegou também a condenação do partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD). Jens Eckleben, um dos membros do partido escreveu na rede social Twitter: “O Governo central da União Europeia e no referendo da Catalunha atuou com violência contra as pessoas” e acrescenta a hashtag #5vor12, conhecida entre os extremistas como uma forma de se incentivar a uma ação.

No mesmo sentido, o líder do Partido da Liberdade da Áustria (FPÖ), Heinz-Christian Strache, atacou a União Europeia no Twitter: “Imagens incríveis que nos deixam sem palavras. Onde está a condenação da UE?”

O porta-voz da Comissão Europeia, Margaritis Schinas, sublinha que confia na liderança do primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, “para gerir este processo difícil no pleno respeito da constituição espanhola e pelos direitos dos indivíduos que lutam pelo seu objetivo”. Ainda assim, a Comissão Europeia deixa claro que “mesmo que o referendo fosse organizado de acordo com a Constituição, o território que sair de Espanha vai ficar fora da União Europeia”.

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