Quem não se lembra da estória de “Os Três Mosqueteiros”, que afinal eram quatro, de Alexandre Dumas? As suas aventuras ainda hoje fascinam miúdos e graúdos, pela forma intrépida como sozinhos lutavam contra perigos vários e resolviam as encrencas mais difíceis. Esta pequena equipa fez frente a intrigas palacianas, a actos de sabotagem, às decisões injustas do poder monárquico absoluto ou das hierarquias religiosas e militares de então, enquanto defendiam a pátria e o seu povo.

Em Novembro de 2022 tomava posse o Director Executivo do SNS. No início do ano, era a vez da sua equipa de quatro pessoas. Esta “administração da maior empresa nacional, o SNS”, tem uma missão ambiciosa e complexa. Ela é fiel depositária da esperança de milhões de portugueses na sustentabilidade do SNS. É nesta equipa que os profissionais, funcionários desta grande organização, procuram a visão, estratégia, planeamento e acções que desbloqueiem caminhos atolados há décadas e a resolução de problemas acumuladas e amplificados por uma pandemia.

São as urgências onde vamos quando mais precisamos e também quando não precisamos nada, mas a ela corremos cheios do medo que nos tolhe o pensamento. São as maternidades, de que necessitamos para reduzirmos a insegurança da vulnerabilidade do nascimento, num país em que cada vez se nasce menos, quase nada em alguns locais e quase tudo noutros, em sítios onde queremos que vivam os médicos mesmo que a maior parte de nós lá não queira viver.

É o acesso à saúde mental, para a qual despertamos colectivamente, onde até agora se demorava mais de quatro anos para contratar 40 psicólogos para os centros de saúde e onde os hospitais pouco contratam por não receberem transferências do orçamento de estado que considerem e valorizem o trabalho dos psicólogos. Para estes “pequenos” e já históricos problemas, exemplos de tantos outros, reivindicamos soluções, já. É legítimo, pois já se espera há muito, muito tempo.

Por isso, exige-se que a Direcção Executiva do SNS entregue resultados imediatos. É para isso que lhes damos os meios… ups! Pois é… só que, em três meses, a orgânica da Direcção Executiva, que prevê o quadro de pessoas que terão ao seu serviço e que permitirá a execução das actividades que ambicionamos… não está ainda aprovada. Anda ainda de Ministério em Ministério. Algures entre a Saúde e as Finanças. De análise jurídica, em análise jurídica, de análise financeira, em análise financeira. Em negociação.

Hoje, mais de três meses depois, esta equipa continua a mesma. Sem os meios mínimos para o cumprimento da sua missão. Tentando apresentar soluções. Desdobrando-se em diálogo e já alguns compromissos promissores. Mudar o que todos afirmamos que tem de ser mudado desde que isso não implique que mudemos nós. Em instalações provisórias, sem orgânica, com muito poucos meios, pedimos que resolvam as questões mais complexas que o SNS já enfrentou para a sua sustentabilidade. Coisa pouca…

Pois é, só que a estória de “Os Três Mosqueteiros”, publicada por Dumas em 1844, não era real (embora baseada em alguns factos reais). Esta dos Quatro Mosqueteiros do SNS, que afinal são Cinco, de 2023 e de autores desconhecidos… é real (embora baseada em algumas estórias que mais parecem ficção!).

O autor escreve de acordo com a antiga ortografia.