Segundo a consultora McKinsey, a maioria das marcas e empresas ainda estão num ponto muito inicial na aplicação da tecnologia nos seus processos e na relação com os consumidores.

É comum observarmos um diretor de uma grande empresa a usar o WhatsApp, mas a própria empresa não possuir uma política para a utilização da rede ou até proibi-la. O que pude observar nestes 25 anos de carreira é que pessoas conseguem rapidamente adotar novas tecnologias que facilitam o seu quotidiano, enquanto as empresas demoram décadas a fazê-lo ou simplesmente desaparecem porque não conseguiram fazer a transição. Ou seja, enquanto indivíduos somos muito mais abertos às mudanças do que enquanto grupos corporativos.

As mudanças corporativas ou governamentais não são fáceis nem rápidas. É preciso uma estratégia de longo prazo para ultrapassar barreiras e conquistar adeptos entre os principais stakeholders de uma empresa. Por isso mesmo, enumero quatro pontos que considero fundamentais para uma estratégia de transformação digital.

A transformação digital é acreditar em inovação

Primeiro: acredite! Não faça algo porque o seu diretor pediu. Se não acha que as coisas vão mudar, vai ser apenas mais um infeliz num cubículo no mundo corporate. A transformação é inovar, e inovar é mudar processos, maneiras de pensar e de agir. Portanto, seja corajoso e abrace o que puder e o que não puder, teste, interaja, questione e não aceite verdades absolutas. Ou, como diriam vários gurus, líderes espirituais ou o Yoda, o segredo fundamental do sucesso de uma transformação está dentro de nós.

Contratar pessoas que percebam os riscos e ajudem na mudança

Numa empresa com milhares de pessoas, ninguém consegue mudar sozinho. Se é responsável por uma equipa que faz questão de trabalhar como no tempo da série “Chicas del Cable”, atenção! Mude de equipa ou mude a sua equipa. As pessoas com um perfil que abraçam a mudança são raras, já que a maioria segue a manada. A tarefa principal é encontrar o máximo de pessoas corajosas que ajudem a implementar as ideias de um terramoto digital.

Fazer benchmarking

Acompanhe o que as empresas mais digitais que conhece estão a fazer e subscreva newsletters como as do CBInsights, MIT Technology Review ou The Algorithm. Estes conteúdos são muito mais atuais e na fronteira do digital do que qualquer meio de imprensa. Ah, se puder, não assista ao noticiário noturno da televisão. Leia um livro.

Ser “Agile”

“Agile” é um processo para simplificar e entregar valor mais rápido, como é o caso da adoção do home office para economizar o tempo perdido no trânsito (e também as small talks do escritório), das reuniões diárias de 30 minutos para rever tarefas e convergir em objetivos concretos, ou do desenvolvimento incremental (não quero construir a pirâmide de Gizé, mas uma cabana de um quarto à beira do Reno).

Várias empresas do mundo inteiro já começaram o árduo caminho para uma transformação radical no caminho da digitalização, porque entendem que é a única maneira de se manterem saudáveis. A sua não pode ficar de fora.