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“Os Três Irmãos”: coreografia em torno da ausência

O coreógrafo Victor Hugo Pontes regressa a Guimarães com a sua última criação. Memórias, ausências, relações familiares, conflitos, tensões e cumplicidades. O emaranhado complexo de que uma família é feita.
  • © José Caldeira
9 Março 2022, 08h05

No princípio era o verbo. Reformulemos. No princípio era a vontade. Mais concretamente a vontade que o coreógrafo Victor Hugo Pontes tinha de trabalhar com os bailarinos Dinis Duarte, Paulo Mota e Valter Fernandes, e de explorar com eles o tema das relações familiares.

Dizer que todas as famílias são disfuncionais soa a máxima de Lapalisse, mas no fundo, no fundo, é a complexidade dos laços familiares que muitas vezes gera essa disfuncionalidade. Facto um: sabemos apenas que o desafio lançado por Victor Hugo Pontes ao escritor Gonçalo M. Tavares, de escrever um texto que ele depois iria adaptar ao palco e aos corpos do seu trio de intérpretes, incluía uma lista de palavras que remetiam direta ou enviesadamente para o assunto da família.

E assim aconteceu “Os Três Irmãos”, em plena pandemia, que agora regressa à cidade natal do coreógrafo, Guimarães, para encher o palco do Centro Cultural Vila Flor, no próximo dia 19 de março,  de conflitos, tensões, cumplicidades entre irmãos. Abelard, Adler e Hadrian têm uma “missão”, encontrar o pai.

Os irmãos empurram-se e carregam-se, assinalam as suas memórias a giz, procuram sobreviver uns aos outros. O tom pesado da peça é aliviado por aquele tipo de humor que apenas pode ser compreendido por quem já aceitou uma boa dose de desespero. Um espetáculo com grande intensidade visual, movimento e fisicalidade, sublimados pela música de Joana Gama e Luís Fernandes.

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