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Óscares: Academia condena medida de Trump

A ordem executiva de Donald Trump impede o realizador de “O Vendedor”, nomeado para Melhor Filme Estrangeiro, de estar presente na cerimónia de 26 de fevereiro.
30 Janeiro 2017, 07h53

“O Vendedor” está nomeado para o Óscar de Melhor Filme Estrangeiro e o realizador não vai estar presente. A razão? A ordem executiva de Donald Trump que restringe a entrada de cidadãos de sete países de maioria muçulmana, entre eles o Irão, do qual Asghar Farhadi é natural. A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas já criticou a medida do presidente norte-americano.

“Como defensores dos cineastas – e dos direitos humanos de todas as pessoas – em todo o mundo, consideramos extremamente preocupante que Asghar Farhadi, o diretor do filme vencedor do Óscar “A Separação”, do Irão, juntamente com o elenco e a equipa do nomeado deste ano, “O Vendedor”, possa ser impedido de entrar no país por causa da sua religião ou país de origem”, afirmou num comunicado enviado ao The Huffington Post.

A organização da Cerimónia de entrega dos Óscares acrescentou ainda que “celebra a realização na arte de fazer cinema, que procura transcender as fronteiras e falar com audiências em todo o mundo, independentemente das diferenças nacionais, étnicas ou religiosas”.

A actriz Taraneh Alidoosti, que atua no filme, também se manifestou contra a medida de Donald Trump e anunciou que não estará presente na cerimónia.

https://twitter.com/t_alidoosti/status/824578972637954048

Asghar Farhadi viu o seu nome consagrado pela sétima arte quando em 2011 venceu o Óscar de Melhor Filme Estrangeiro com “A Separação” e é um dos exemplos do potencial do cinema iraniano à espera de ser descoberta pelos espectadores.

Na altura, o realizador mostrou-se satisfeito por as relações políticas entre os EUA e o Irão não interferirem na divulgação da cultura iraniana.
“Numa altura em que conversas de guerra, intimidação e agressão são trocadas entre os políticos, o nome do seu país Irão é falado aqui através da sua cultura gloriosa. Uma cultura rica e antiga que foi escondida sob a poeira pesada da política”, disse Farhadi em 2011.

O novo filme de Asghar Farhadi não fica atrás do seu anterior filme oscarizado. Inspirado na peça A Morte do Caixeiro Viajante, de Arthur Miller, O Vendedor traz a história de Emad e Rana ao grande ecrã, um casal que se muda para um novo apartamento no centro de Teerão, onde um incidente de violência levanta vários dilemas morais.

Como é característico no realizador iraniano é a dissecação da sociedade iraniana que nos preenche os 125 minutos do filme, povoados por uma atmosfera poética.

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