“Oui, le vaccin peut avoir des effets désirables.” É esta a frase de assinatura da campanha francesa criada para mobilizar a população jovem para a vacinação e que tem sido fortemente elogiada em toda a Europa. A mensagem é positiva, poderosa, com imagens que todos queremos voltar a ver e com duplo significado. Primeiro, um apelo obvio à vacinação em todas as idades. Segundo, um piscar de olho crítico aos tão propalados efeitos adversos da vacina.

 

 

Uma campanha que acompanha o vídeo publicitário, também do governo francês: “todos vacinados, todos protegidos”, que ao ritmo da música Freedom de Pharrel Williams e uma ótima edição de imagem marca a urgência da vacinação para um regresso à vida normal.

Portugal também vai desenvolver uma campanha publicitária que promove a inoculação, focada nas faixas etárias mais jovens, mas mais ligada ao desporto, o que, a meu ver, faria mais sentido antes do início do Euro 2020. No entanto, apelar, dinamizar e influenciar em prol de um bem maior faz sempre sentido, sobretudo quando queremos falar para a população mais jovem.

E sim, o tema será sempre controverso e o apelo por via da publicidade, assuma ela a forma que assumir, será, para muitos, questionável, senão criticável pela negativa. Porém, não é a primeira vez que organizações governamentais recorrem à criatividade da publicidade para pôr as pessoas a pensar na realidade, mas que muitas vezes é preciso ver em televisão e outdoors por todo o país.

A última publicidade em Portugal foi bastante explícita nesse sentido e chegou a chocar os mais sensíveis. Algumas marcas também já se colaram ao tema e nem sempre esse caminho lhes correu bem. A última publicidade da Heineken mostra idosos a dançar e a correr para um mergulho noturno, com a mensagem: “A noite pertence aos vacinados. Está na altura de te juntares a eles”. O que acabou por gerar o movimento #BoycottHeineken nas redes sociais e uma onda menos positiva para a marca.

Muitas marcas norte-americanas, por exemplo, optaram por retirar investimento em publicidade e alocar esse dinheiro a campanhas pró-vacinação. A famosa marca de cerveja Budweiser suspendeu os tão esperados minutos de antena no Super Bowl, pela primeira vez em 40 anos, para investir na campanha de vacinação norte-americana.

Não sendo obrigatória, a vacinação é altamente recomendada pelas autoridades de saúde e governos mundiais. O tema continua a ser controverso, mas aqui, tal como em outras questões que têm dividido a sociedade, talvez seja mais vantajoso escolher um lado do que ficar em silêncio.