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Regresso da telescola? Pais e diretores destacam incerteza que paira sobre início do segundo período

As associações contactadas pelo Jornal Económico preferem o ensino presencial e receiam o regresso do ensino remoto, numa altura em que o Ministério da Educação ainda não entregou todos os computadores que tinha prometido.
28 Dezembro 2021, 17h40

O aumento de casos resultante da variante Ómicron suscitam algumas dúvidas relativamente ao segundo período escolar para a Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos de Escolas Públicas (ANDAEP) e a Confederação Nacional Independente de Pais e Encarregados de Educação (CNIPE) que pensam que o Governo poderá equacionar o regresso à telescola.

O “assunto pode estar em cima da mesa”, referiu Rui Martins, presidente da CNIPE, ao Jornal Económico (JE). “Mas a nossa esperança é que isso não volte a acontecer porque ensino presencial é indispensável para a formação dos nossos filhos. Portanto, tudo o que os mantenha à distância é negativo. Ainda não conseguimos recuperar as aprendizagens anteriormente obtidas”, sublinha o responsável.

Por sua vez, o presidente da ANDAEP, Filinto Lima partilha igualmente desta perspetiva, frisando que a vontade da associação é que “aquando do arranque do segundo período, que está previsto para dez de janeiro tivéssemos aulas presencialmente”, referindo, no entanto, só se saberá uma decisão no próximo briefing do Conselho de Ministros, agendado para dia 5 de janeiro.

No entanto, na possibilidade das crianças regressarem à telescola, poderão existir alguns problemas que o Ministério da Educação ainda não conseguiu ultrapassar. Rui Martins, relembra que neste momento “continua a estar aquém o processo digital por parte do Ministério da Educação”, referindo que ainda existem crianças sem equipamentos que lhes possibilitem o acesso à internet.

“São 600 mil os computadores que ainda não chegaram aos estudantes”, diz.

Por outro lado, Filinto Lima defende que o problema vai mais longe do que a falta de computadores. “Estamos melhor do que de facto nos anos anteriores. Durante o primeiro ano letivo, tivemos bastantes turmas que confinaram. Portanto, acionámos o ensino remoto de emergência. Ou seja, ou nossos pais, muitos deles, já se preveniram com a aquisição de material digital. Embora é certo que faltam chegar às escolas e aos nossos alunos, por promessa do Governo, alguns milhares de computadores”, explicou.

Para a ANDAEP mais do que os computadores “ensinar e aprender à distância é um grande constrangimento porque perdem-se aprendizagens, não se faz a socialização dos nossos alunos não é bom para o bem estar dos alunos”.

Quando a sociedade não tem juízo os alunos é que pagam

Independentemente do regresso do ensino remoto tanto a ANDAEP como a CNIPE concordam ser preciso o reforço de medidas a começar pelo lado de fora das escolas. “O apelo que a CNIPE faz é de que as pessoas tenham os comportamentos devidos nesta altura das festas de modo a evitar que [o telensino] venha a acontecer “, novamente, pediu Rui Martins.

“A nossa esperança é que possam haver o reforço dessas medidas, mas tendo sempre como primeira proposta o ensino presencial”, afirmou o representante da CNIPE, destacando também a vacinação como uma forte medida. “Achamos que este é o caminho para nos podermos ajudar uns aos outros”.

Filinto Lima adverte igualmente para os comportamentos da sociedade em geral. “É caso para dizer que quando a sociedade não tem juízo quem paga é a escola. Os nosso jovens vão pagar a fatura mais elevada quando o vírus se for embora porque não socializam, o seu bem estar emocional é posto em causa”, considerou o presidente da ANDAEP, completando que observa “as pessoas a comportarem-se mal ao não se comportarem de acordo com as regras da DGS [Direção Geral de Saúde]”.

À parte dos comportamentos fora da escola, Filinto Lima acredita que as escolas poderiam ter uma estratégia suplementar a aplicar aos alunos mais novos: o uso obrigatório de máscaras.

O Ministério da Educação devia “estudar a hipótese de os alunos mais novos, do primeiro ciclo, de tornarem a máscara de uso obrigatório. A máscara é uma grande arma que nós temos”. Filinto Lima gostaria ainda “que os especialistas, a DGS se pronunciassem” sobre o assunto.

 

 

 

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