O ministro francés de Economia, Bruno Le Maire, considerou hoje, dia 6 de janeiro, que não há razões para impedir a fusão da Siemens com a Alstom.

De acordo com o jornal económico espanhol ‘Expansión’, Bruno Le Maire avisou que se a Comissão Europeia emitir uma decisão negativa sobre esta operação de concentração isso seria um erro, tanto ao nível económico como político, que debilitaria a indústria europeia face à concorrência chinesa.

“Não vejo nenhuma razão aceitável para que a Comissão se oponha”, sublinhou Le Maire numa entrevista à “Europe 1” e à “CNews”, quando foi questionado sobre a possibilidade de as autoridades europeias da Concorrência vetarem a fusão entre o grupo alemão Siemens com o congénere francês Alstom.

Na sua opinião, “o direito europeu da Concorrência está obsoleto” porque se formalizou no século passado como resposta a uma realidade distinta, mas agora, num contexto de criação de gigantes mundiais em muitos sectores económicos, “não permite que a Europa crie os seus próprios campeões”.

Le Maire referiu-se ao grupo chinês CRRC, cuja faturação já duplica a da Alstom e da Siemens em conjunto, que fabrica 200 comboios de alta velocidade por ano, contra os 35 conseguidos pelos grupos europeus, e que em função dessa posição de força garantiu a maioria dos concursos lançados no negócio ferroviário nos Estados Unidos.

“De que é que estamos à espera para acordar?”, indignou-se o ministro francês, acrescentando que se a CE – Comissão Europeia  se pronunciasse contra a fusão Siemens-Alstom “o faria por más razões”.

“Seria não só um erro económico, mas também uma falha política”, porque, na sua opinião, “debilitaria toda a indústria europeia face à China”, e enviaria o sinal de que “a Europa se divide e se desarma”.

No passado dia 18 de dezembro, a comissária europeia da Concorrência, Margrethe Vestager, manifestou a sua preocupação sobre as consequências sobre a fusão da Alstom e da Siemens para o mercado de comboios de alta velocidade e também para o segmento da sinalização ferroviária.

Cerca de uma semana antes, as duas empresas fizeram uma proposta a Bruxelas com concessões para superar as objeções da Comissão Europeia.

Segundo o ‘Expansión’, essa proposta consiste em alienar áreas de actividade no segmento da sinalização e do material circulante, que representam “cerca de 4%” da empresa que resultaria desta fusão.

Recorde-se que Bruxelas abriu em julho uma investigação sobre esta operação por considerar que esta concentração pode reduzir a oferta dos operadores ferroviários na hora de selecionar os seus fornecedores, limitar os produtos inovadores e provocar uma subida de preços.