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Parlamento Europeu tenta captar presidente sérvio para o lado Europeu

Relator daquele organismo europeu, que esteve a acompanhar as eleições do passado domingo, considera que a Sérvia está alinhada com as obrigações decorrentes da sua vontade em entrar na União Europeia.
  • Antonio Bronic / Reuters
5 Abril 2022, 18h15

O membro da Comissão dos Assuntos Externos (AFET) do Parlamento Europeu e relator daquele órgão para as relações com a Sérvia, o eslovaco Vladimir Bilcik, congratulou-se com a reeleição de Aleksandar Vucic para novo mandato como presidente daquele país dos Balcãs e avaliou como “excelente” o facto de um grande número de cidadãos ter ido às urnas nas eleições realizadas no domingo passado.

“Estamos prontos para cooperar com os parceiros da República da Sérvia na sua escolha estratégica clara de alinhamento com a União Europeia”, disse Bilcik no Twitter, depois de ter integrado a missão de observação do Parlamento Europeu para as eleições na Sérvia. Mas as declarações otimistas de Bilcik não são corroboradas por outros observadores – como por exemplo a delegação da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa, OSCE, segundo a qual “o impacto combinado de acesso desequilibrado aos media, pressão indevida sobre funcionários do sector público para apoiar os titulares, disparidades significativas de financiamento de campanha e uso indevido de recursos estatais, resultaram em condições desiguais para os concorrentes”.

Aleksander Pociej, chefe da delegação da Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa, também foi crítico da forma pouco justa como se desenvolveu a campanha eleitoral para as três eleições que sucederam no domingo, com a mesma tónica de que as forças no poder levaram vantagem sobre a oposição.

Aleksandar Vucic também foi publicamente felicitado pelo presidente russo, Vladimir Putin. Em contraste, meios de informação ligados aos Estados Unidos preferiram enfatizar que a reeleição de Vicic – juntamente com a de Viktor Orbán como primeiro-ministro da Hungria, exatamente no mesmo dia – vem dar mais força aos países da região que têm na Rússia um aliado de destaque.

Aliás, no discurso de vitória, Vucic deixou claro que o seu país não conta deixar de manter relações amistosas com os países que sempre se posicionaram como solidários com a Sérvia – não mencionando declaradamente a Rússia, mas deixando entender que era desse país que estava a falar.

A iniciativa de Vladimir Bilcik pode ser entendida como uma forma de o Parlamento Europeu tentar manter a Sérvia alinhada com as iniciativas que levarão, em princípio, à sua entrada (com outros cinco países dos Balcãs Ocidentais) na União Europeia. Vucic, no já referido discurso, também disse que a Sérvia continua a ter a adesão aos 27 no topo da sua agenda internacional. Mas o facto de não ter aderido às sanções internacionais que foram lançadas sobre a Rússia na sequência da invasão da Ucrânia não terá sido a melhor das formas de firmar essa posição – apesar de a Sérvia ter votado, na ONU, a favor da resolução que condenou a investida de Putin.

Que seja público, o comissário europeu para a Vizinhanças e o Alargamento, o húngaro Oliver Varhelyi, não se pronunciou sobre a nova vitória de Vucic – nem da de Orbán, num silêncio que os observadores tomam como ensurdecedor. É que Varhelyi tem sido repetidamente acuado de pretender suavizar as obrigações da Sérvia na preparação da sua entrada na União – nomeadamente no que tem a ver com os direitos humanos, as interferências da política na área judicial e no relacionamento com as oposições, entre outros aspetos.

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