A Assembleia da República aprovou esta terça-feira o requerimento apresentado pelo PSD para ouvir a a jornalista Sandra Felgueiras e o presidente da RTP, Gonçalo Reis, bem como a diretora de informação Maria Flor Pedroso. Em causa está o adiamento da emissão de um episódio do ‘Sexta às 9’, que veio expor irregularidades no processo de concessão da exploração de lítio em Montalegre, para depois das eleições legislativas.
O requerimento do PSD foi aprovado, por unanimidade, na comissão parlamentar de cultura e comunicação. Os social-democratas consideram, no documento, que é “urgente” esclarecer o motivo que esteve por detrás do adiamento do programa transmitido no canal de televisão público, a fim de se dissiparem as suspeitas de interferência política ou setorial.
“O motivo subjacente à decisão de adiamento do programa ‘Sexta às 9’ por parte da RTP, torna-se particularmente relevante e exige ser esclarecido, dado que é dever da estação pública de Rádio e Televisão proporcionar uma informação isenta, rigorosa, contextualizada e plural, assegurando a sua independência face aos interesses setoriais e ao poder político”, lê-se no requerimento.
O programa deveria voltar a ser transmitido (e chegou a ser anunciado nesse sentido) no dia 13 de setembro, mas apenas foi para o ar a 11 de outubro, cinco dias depois das eleições legislativas, que deram vitória ao PS, com 36,65% dos votos.
Quando voltou ao ar, o programa ‘Sexta às 9’ revelou que o secretário de Estado da Energia, João Galamba terá alegadamente autorizado a concessão de lítio em Montalegre à Lusorecursos, três meses após a entrada do ex-secretário de Estado da Internacionalização, Jorge Costa Oliveira, para o lugar de consultor financeiro da empresa.
O programa da RTP revelou ainda que a empresa Lusorecursos tinha sido criada pouco antes de lhe ser concessionada a exploração de lítio. O negócio da construção da refinaria de lítio está avaliado em, pelo menos, 350 milhões de euros, segundo a investigação da jornalista da RTP Sandra Felgueiras.
“Perante a gravidade do conteúdo da reportagem, no qual se dá conta da abertura de um inquérito pelo Ministério Público ao processo de concessão de uma exploração de lítio em Montalegre, envolvendo o Governo de então, é evidente que se trata de uma questão central apurar, com celeridade, a verdadeira razão que motivou a suspensão do programa”, considera o PSD.
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