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Parlamento vai ouvir jornalista e presidente da RTP sobre adiamento do programa ‘Sexta às 9’

Em causa está o adiamento da emissão de um episódio do ‘Sexta às 9’, que veio expor irregularidades no processo de concessão da exploração de lítio em Montalegre, para depois das eleições legislativas.
19 Novembro 2019, 16h06

A Assembleia da República aprovou esta terça-feira o requerimento apresentado pelo PSD para ouvir a a jornalista Sandra Felgueiras e o presidente da RTP, Gonçalo Reis, bem como a diretora de informação Maria Flor Pedroso. Em causa está o adiamento da emissão de um episódio do ‘Sexta às 9’, que veio expor irregularidades no processo de concessão da exploração de lítio em Montalegre, para depois das eleições legislativas.

O requerimento do PSD foi aprovado, por unanimidade, na comissão parlamentar de cultura e comunicação. Os social-democratas consideram, no documento, que é “urgente” esclarecer o motivo que esteve por detrás do adiamento do programa transmitido no canal de televisão público, a fim de se dissiparem as suspeitas de interferência política ou setorial.

“O motivo subjacente à decisão de adiamento do programa ‘Sexta às 9’ por parte da RTP, torna-se particularmente relevante e exige ser esclarecido, dado que é dever da estação pública de Rádio e Televisão proporcionar uma informação isenta, rigorosa, contextualizada e plural, assegurando a sua independência face aos interesses setoriais e ao poder político”, lê-se no requerimento.

O programa deveria voltar a ser transmitido (e chegou a ser anunciado nesse sentido) no dia 13 de setembro, mas apenas foi para o ar a 11 de outubro, cinco dias depois das eleições legislativas, que deram vitória ao PS, com 36,65% dos votos.

Quando voltou ao ar, o programa ‘Sexta às 9’ revelou que o secretário de Estado da Energia, João Galamba terá alegadamente autorizado a concessão de lítio em Montalegre à Lusorecursos, três meses após a entrada do ex-secretário de Estado da Internacionalização, Jorge Costa Oliveira, para o lugar de consultor financeiro da empresa.

O programa da RTP revelou ainda que a empresa Lusorecursos tinha sido criada pouco antes de lhe ser concessionada a exploração de lítio. O negócio da construção da refinaria de lítio está avaliado em, pelo menos, 350 milhões de euros, segundo a investigação da jornalista da RTP Sandra Felgueiras.

“Perante a gravidade do conteúdo da reportagem, no qual se dá conta da abertura de um inquérito pelo Ministério Público ao processo de concessão de uma exploração de lítio em Montalegre, envolvendo o Governo de então, é evidente que se trata de uma questão central apurar, com celeridade, a verdadeira razão que motivou a suspensão do programa”, considera o PSD.

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