António Costa parece desesperado em encontrar um candidato presidencial. Depois de António Guterres,
Jaime Gama e Sampaio da Nóvoa, avança agora com o nome de António Vitorino. A lista pode não acabar aqui.
À direita, os potenciais candidatos presidenciais disputam preferências entre si. À esquerda, o líder do Partido Socialista (PS) parece estar ansioso por encontrar quem queira ser presidente. São muitos os nomes avançados, mas nenhum deu o sim.
No passado dia 9 de janeiro, o líder socialista, António Costa dizia: “Tenho a certeza que não faltarão na área política do PS candidatos que se apresentam no momento próprio”, adiantando que “não é o PS que apresenta candidatos. E tenho a certeza que o engenheiro António Guterres, ou outra personalidade da área política do PS, não deixará de se apresentar para honrar aquilo que tem sido uma boa tradição do partido: Apresentar bons presidentes da República e Portugal precisa de bons presidentes da República”. Mas o atual alto comissário das Nações Unidos para os Refugiados, António Guterres, tem-se escusado a esclarecer se pretende ou não candidatar-se nas eleições presidenciais de 2016.
Passada pouco mais de uma semana, no último sábado em entrevista à SIC, mesmo repetindo que não cabe ao PS “escolher candidatos presidenciais”, António Costa parece ter desistido de esperar por Guterres e garante que “António Vitorino tem “todas as qualidades para poder ser um excelente Presidente”, lançando-o assim na corrida. Curiosamente, António Vitorino reagiu como se de nada soubesse e recusou-se a falar do assunto aos jornalistas. “Muita água vai ainda correr debaixo da ponte”, limitou-se a dizer o antigo comissário europeu e ex-ministro de governos liderados por outro possível candidato a chefe de Estado da área socialista, António Guterres.
Para o secretário-geral do PS, António Vitorino tem “todas as qualidades para poder ser um excelente Presidente da República”. O candidato a primeiro-ministro frisa ser “amigo pessoal” de Vitorino e ter por ele “muita estima e consideração”.
António Vitorino é licenciado em Direito e mestre em ciências jurídico-políticas. Foi assistente da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa (1982-2007) e dos departamentos de direito da Universidade Autónoma de Lisboa (1985-1995) e da Universidade Internacional em Lisboa (1998-1999). Advogado desde 1982, é sócio da firma Cuatrecasas, Gonçalves Pereira & Associados, onde colabora na área de Direito Público. É administrador da Siemens Portugal, presidente da assembleia-geral da Brisa, da Finipro, da Novabase e do Banco Caixa Geral Totta de Angola, e também presidente do conselho de administração da Fundação Res Publica, ligada ao Partido Socialista. Em 1980 foi eleito, pela primeira vez, deputado à Assembleia da República, nas listas da União da Esquerda para a Democracia Socialista (UEDS) da coligação Frente Republicana e Socialista. Foi, depois, sucessivamente eleito em cinco legislaturas, pelo Partido Socialista até 2006. Foi várias vezes chamado a outras funções, tendo sido secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares no (1983-1985), secretário-adjunto do Governador de Macau (1986-1987), juiz do Tribunal Constitucional (1989-1994), deputado ao Parlamento Europeu (1994-1995), onde presidiu à Comissão das Liberdades Cívicas e dos Assuntos Internos, ministro da Presidência e ministro da Defesa Nacional (1995-1997). Foi Comissário, responsável pela Justiça e Assuntos Internos (1999-2004). António Vitorino faz parte da organização maçon Grande Oriente Lusitano. O semanário Expresso publicou no sábado uma sondagem segundo a qual António Vitorino, à semelhança de António Guterres, é uma figura à esquerda capaz de derrotar eventuais candidatos ao Palácio de Belém por parte da direita, como Marcelo Rebelo de Sousa, Rui Rio e Santana Lopes.
Mas foram já vários os nomes avançados por Costa e vários militantes de topo socialistas. Um deles foi o do antigo presidente da Assembleia da República, Jaime Gama, que fez mesmo questão de dizer a António Costa que não está disponível para voltar à política.
Antes, já António Sampaio da Nóvoa, ex-reitor da Universidade de Lisboa, tinha sido avançado como um bom candidato. Sampaio da Nóvoa, que foi convidado a discursar no congresso do PS em novembro, disse na altura “não sou candidato a nada. As notícias que circulam não têm a ver comigo”.
À direita candidatos multiplicam-se
À direita, o panorama não é mais calmo, mas totalmente diferente. Passos Coelho nem quer ouvir falar de presidenciais para evitar divisões dentro do partido. O PSD não deverá apoiar nenhum candidato antes das eleições legislativas deste ano, previstas para setembro ou outubro.
No entanto, o PSD não precisa de andar à procura de candidato. Pelo contrário. São já vários os nomes que mostraram a sua disponibilidade. Rui Rio está disponível, Santana Lopes já está a avançar, Marcelo Rebelo de Sousa não nega a possibilidade – espera apenas por uma vaga de fundo que o apoie – e Durão Barroso ainda pode ser um dos nomes escolhidos, apesar de serem muitos os militantes de base contra, ainda resultado da sua
saída do governo para Bruxelas.
O lançamento da candidatura de Pedro Santana Lopes está mesmo agendado para março ou abril e avança que já recebeu o apoio de dez autarcas do PSD. No entanto, o presidente da distrital do Porto, Virgílio Macedo, avisa: “Só tomarei posição depois das legislativas”. Em declarações ao i acrescenta que a “questão das presidenciais não é prioritária. Prioridade é ganhar as legislativas. É nesse trabalho político que o partido deve empenhar-se até Outubro. Até lá, quem achar que tem condições para ser candidato deve apresentar-se em termos individuais”. E o vice-presidente do PSD, Marco António Costa, disse, quarta-feira na RTP, que o partido “não tem decisão tomada e aguardará pelo tempo certo”.
Entretanto, Santana Lopes entra já em picardia com outros potenciais candidatos de direita. Disse a Rui Rio para “não estar à espera de ver se o líder do seu partido [Passos Coelho] tem um mau resultado para depois substituí-lo”. E, numa indireta a Marcelo, o Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa afirmou que o professor não deveria ficar “à espera de ver se o engenheiro Guterres vai à ONU ou não vai à ONU”.
Carlos Caldeira