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Parto de Lótus: quando o bebé fica ligado à placenta depois de nascer

O corte do cordão umbilical, após o nascimento do bebé, é um ato médico estabelicido na medicina tradicional. Mas há quem desafie a ciência e opte por caminhos alternativos. Os partos em casa, por exemplo, com ou sem o acompanhamento de uma doula, são um tendência crescente no nosso país assim como os fisiológicos, que […]
2 Setembro 2019, 17h00

O corte do cordão umbilical, após o nascimento do bebé, é um ato médico estabelicido na medicina tradicional. Mas há quem desafie a ciência e opte por caminhos alternativos. Os partos em casa, por exemplo, com ou sem o acompanhamento de uma doula, são um tendência crescente no nosso país assim como os fisiológicos, que desprezam a epidural e acreditam que a dor é um orientador natural para a mãe. A prática do corte tardio do cordão umbilical em meio hospital, que garante a circulação completa de oxigênio entre o feto e a placenta é outro método que tem despertado interesse nas mulheres portuguesas.

No outro lado do mundo, as coisas mudam de figura e os partos alternativos ganham outra dimensão. Falamos do Parto de Lótus, uma prática que surgiu em 1979 e que tem somado adeptos pelo mundo, mesmo sem qualquer avalo científico. Segundo um estudo da Sociedade Italiana de Pediatria, estima-se que, em Itália, cerca de 100 mulheres por ano recorrem a esta prática, apesar desta ser mais recorrente na Austrália.

Mas, afinal, o que é o Parto de Lótus?

Trata-se de um tipo de parto onde, após o nascimento, é esperada a expulsão natural da placenta e o bebé é mantido ligado ao orgão através do cordão umbilical intato até que este se desprenda naturalmente do seu umbigo, o que ocorre, normalmente, cerca de três a dez dias depois. A placenta deve ser colocada num recipiente à escolha dos pais e tratada com sal-marinho, gengibre e sementes de lavanda, uma mistura ancestral que garante a sua conservação e adia os inevitáveis odores de um orgão em decomposição.

O reforço do sistema imunitário do recém-nascido, a prevenção de doenças futuras e a promoção da tranquilidade e do seu equilibrio são alguns dos argumentos-chave defendidos pelos adeptos deste ritual. Além disso, garantem que este método ajuda na recuperação emocional da mãe no pós-parto.

Ciência alerta para os riscos desta prática 

A ciência contradiz e adverte para os riscos deste tipo de parto. Da proliferação de doenças a questões deontelógicas e jurídicas, os especialistas são consensuais. “O tecido placentário em decomposição torna-se num potencial foco de infeções graves para o recém-nascido” como a sépsis ou a hepatite neonatal idiopática, conforme se lê num estudo publicado pela reconhecida revista cientifica de pediatria ‘Clinical Pediatrics’. A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda, apenas, o corte tardio do cordão umbilical, quatro a cinco minutos após o nascimento do bebé, segundo as novas guidelines da organização, publicadas no início do ano passado. Relativamente ao Parto de Lótus, nem a OMS nem a Direção Geral da Saúde (DGS) se pronunciam sobre o tema. Já a Ordem dos Obstetras e Ginecologistas norte-americana e inglesa desencorajam  fortemente esta prática, alegando falta de evidência ciêntifíca.

 

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