Paulo Portas considera não haver razões “nem para a depressão, nem para a euforia” em 2023. Esta foi uma das principais mensagens transmitidas pelo vice-presidente da Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa (CCIP), durante o evento ‘Geoestratégia do Mundo’, que se realizou na quinta-feira, no salão nobre da CCIP.
O antigo ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal destacou que o último ano foi “significativamente positivo para Portugal”, apesar de “mais controverso” do ponto de vista económico, dado que a sociedade portuguesa registou uma perda significativa de poder de compra.
Paulo Portas deixou também elogios à União Europeia (UE) pela forma em como conseguiu reduzir a sua dependência energética da Rússia, alertando, contudo que o país liderado por Vladimir Putin “não pode ganhar a guerra, porque se ganhar na Ucrânia não vai parar aí”, podendo o próximo passo ser a chegada às fronteiras da União Europeia e da NATO, “o que significa um conflito global”.
A nível nacional, o vice-presidente da CCIP, apontou quatro fatores determinantes para a economia: o “extraordinário” peso do turismo, o peso das compras de ativos por parte de estrangeiros, o mix energético que permite a Portugal não depender do Leste europeu neste âmbito e os fundos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), para o qual pediu “competência e eficácia” na sua gestão e execução, alertando para os timings que lhe estão associados.
Outro tema abordado foi o do investimento de não residentes no sector imobiliário português, onde salientou ter “pouca paciência para fundamentalismos ideológicos, tudo pode ser calibrado”, realçando que o problema tem de ser resolvido ao nível do défice de oferta.
A finalizar, Paulo Portas sublinhou que o ano de 2023 será marcado por quatro grandes tendências: as energias renováveis, o gás natural liquefeito, o hidrogénio e o nuclear, enfatizando que o diálogo entre os Estados Unidos e a China será “o assunto mais importante dos próximos anos”, devido à competição que está para durar entre os dois países.