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PCP avisa que SNS “não precisa de amores platónicos” mas de ser reforçado

Depois de acusar o Governo de “nada resolver em relação à valorização das carreiras e remunerações da saúde”, e de ter como “prática normal” a suborçamentação na Saúde, Jerónimo de Sousa acusou o PS de manter relações próximas com os grupos privados de saúde.
9 Julho 2022, 16h53

Em Santa Maria da Feira, no distrito de Aveiro, a discursar num convívio perto da praia fluvial de Pigeiros, Jerónimo de Sousa deixou recados ao Governo e ao PS e muitas críticas ao PSD, que acusou de fazer “alarido de força oposicionista”, mas de “não se afastar” das opções do executivo liderado por António Costa.

“O Serviço Nacional de Saúde [SNS] não precisa de amores platónicos, precisa é de uma política que tenha como prioridade reforçá-lo em vez de ter como objetivo pô-lo ao serviço dos grupos económicos da saúde”, afirmou o líder comunista.

Depois de acusar o Governo de “nada resolver em relação à valorização das carreiras e remunerações da saúde”, e de ter como “prática normal” a suborçamentação na Saúde, Jerónimo de Sousa acusou o PS de manter relações próximas com os grupos privados de saúde.

“O PS já renovou os votos do seu compromisso com os grupos privados da saúde relembrando que foram Governos do PS que lançaram as Parcerias Público-Privadas para os hospitais públicos e que não têm qualquer preconceito ideológico com o privado. De facto é verdade, o que o Governo tem é um preconceito contra a defesa do SNS”, apontou.

Ainda sobre a Saúde, o secretário-geral do PCP defendeu que “é preciso rechaçar a ofensiva ideológica” que quer “fazer crer que a solução para as carências do SNS é entregar ainda mais cuidados de saúde ao privado, quando 40% do orçamento corrente da saúde já vai direitinho para contratação de bens e serviços ao privado”.

Além do PS e do Governo, também o PSD foi alvo de críticas de Jerónimo de Sousa: “Ainda agora se apresentou no seu Congresso, assumindo-se como a grande força da oposição ao atual Governo. Mas o que vimos, ao contrário do que afirma, foi a insistência no mesmo rumo político, nas mesmas orientações da sua última passagem pelo Governo, que promoveu o ataque aos direitos, aos salários e aos serviços públicos”, considerou.

Em relação à saúde, referiu o líder comunista, o PSD, “em vez do necessário investimento, o que aponta como solução é a promoção do negócio da doença”.

Mas foi no tema regionalização que Jerónimo de Sousa deixou mais críticas ao partido liderado por Luís Montenegro.

“Na mesma linha do acordo de 2018, que juntou PS e PSD com o objetivo de cozinhar uma falsa descentralização e adiar a regionalização, esta recusa do PSD do referendo não é mais que o corolário lógico da orientação que presidiu a tal acordo entre ambos”, explicou.

“De facto, em matérias substanciais, o PSD não se afasta daquelas opções que o PS e o seu Governo prosseguem, pese o alarido de força oposicionista”, concluiu.

Num discurso pautado por vários apelos ao aumento de salários, pensões, ataques aos “grandes grupos económicos transnacionais” e de apelos a uma “política patriótica e de esquerda”, o líder comunista criticou ainda a proposta de Lei de alteração à legislação laboral apresentada pelo Governo, que considerou “não ser mais do que a continuação e mesmo agravamento da indignidade com que os trabalhadores são tratados”.

“O Governo, em vez de garantir o direito de contratação coletiva, mantém a caducidade, tal como não repõe o princípio do tratamento mais favorável ao trabalhador. Recusa a reposição dos valores do pagamento das horas extraordinárias ou as limitações aos despedimentos. Em vez de combater a precariedade visando a sua eliminação, tolera e convive com a precariedade, apontando medidas que não vão resolver a grave situação existente”, alertou.

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