O deputado do PCP Ricardo Lume apresentou uma iniciativa legislativa com vista à criação de uma comissão regional de combate à precariedade laboral e à contratação ilegal na Região Autónoma da Madeira.
“A precariedade laboral é fruto das medidas legislativas, que contribuem de forma evidente para desregular as relações laborais e aumentar a precariedade”, começou por dizer o deputado comunista, afirmando que a economia regional é baseada na precariedade laboral e os baixos salários.
Segundo Ricardo Lume, o desemprego surgido como consequência da pandemia teve como principal fator a precariedade laboral, e a redução do desemprego verificada a partir de 2021 “tem sido feita através da utilização de vincos precários”, apontou, salientando que no 4º trimestre de 2020 existiam 15 mil trabalhadores com vínculos precários e no período homólogo de 2021 esse número aumentou para 18.500.
O deputado lembrou ainda que no ano de 2021, 33,2% das novas inscrições no centro de emprego foram feitas por trabalhadores que viram o seu contrato a termo terminado. “A.”A precariedade laboral e a principal causa de desemprego na Madeira”, considerou, afirmando que “estamos a cometer os erros do passado” na região.
Por sua vez, a deputada Olga Fernandes do PS, concordou com esta iniciativa do PCP, mas apelou também ao “bom senso” e ao “meio termo” para ambas as partes, ou seja, para as empresas e aos trabalhadores. “Nem todas as empresas se refletem pelos bons princípios”, admitiu, o que tem consequências “negativas nas condições de vida das famílias”, mas “há empresas que cumprem e prezam o recurso mais valioso, o recurso humano, e uma relação estável com trabalhadores” frisou. Neste sentido, a deputada apelou a uma melhor fiscalização que vise o combate à precariedade laboral.
O líder parlamentar do JPP Élvio Sousa, afirmou que a situação de precariedade laboral é “preocupante, com efeitos na dinâmica das famílias e na estabilidade emocional e na aquisição de habitação”, designadamente por parte da população jovem, o que por sua vez reflete-se nos baixos índices de natalidade e de poder de compra.
Élvio Sousa lembrou que os “milhões da União Europeia derramados na economia regional” através do PRR têm uma gestão que ficou entregue a uma comissão de amigos”, acusou, dizendo ainda que a maioria parlamentar PSD/ CDS recusa-se a criar uma comissão que vigie a forma como o dinheiro interno é gerido.
Maioria parlamentar lembra que muitos sindicados não subscrevem à iniciativa do PCP
O líder parlamentar do CDS, António Lopes da Fonseca, lembrou que a central sindical da UGT não concorda com o projeto apresentado pelo PCP. O deputado citou a central sindical, referindo que esta considera existirem “outros meios”, como por exemplo a já existente Comissão Permanente da Concertação Social.
Em alinhamento com as declarações de Lopes da Fonseca, a deputada Cláudia Gomes do PSD também salientou que “estão já criadas condições e disponibilizados os meios para combater com sucesso a precariedade laboral e contratação ilegal” na região, lembrando ainda que “mais de metade dos sindicatos estão contra esta iniciativa legislativa”.
“O PCP aponta o problema, mas não apresenta quaisquer soluções; não apresenta um plano. Do ponto de vista legislativo não há especificidade regional que justifique ser diferenciada daquele que existe no âmbito nacional” considerou Cláudia Gomes.
Taguspark
Ed. Tecnologia IV
Av. Prof. Dr. Cavaco Silva, 71
2740-257 Porto Salvo
online@medianove.com