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PCP exige “suspensão e reversão imediatas” do despedimento coletivo na Global Media

Os comunistas consideram que o despedimento coletivo na Global Media é “uma decisão inaceitável”, com “graves custos e efeitos sociais” e que “contribui para aprofundar a degradação do setor da comunicação social”.
1 Novembro 2020, 17h43

O Partido Comunista Português (PCP) exige a “suspensão e reversão imediatas” do despedimento coletivo, de 81 trabalhadores, 17 dos quais jornalistas, no Grupo Global Media. Os comunistas consideram que o despedimento coletivo na Global Media é “uma decisão inaceitável”, com “graves custos e efeitos sociais” e que “contribui para aprofundar a degradação do setor da comunicação social”.

“Está em curso um despedimento colectivo no Grupo Global Media, que a nova administração anunciou envolver 81 trabalhadores, dos quais 17 jornalistas. Trata-se de uma decisão inaceitável, com graves custos e efeitos sociais para os atingidos e a generalidade dos trabalhadores, e que contribui para aprofundar a degradação do setor da comunicação social, a sua qualidade e pluralismo”, denuncia o PCP, num comunicado enviado às redações.

Para o PCP, os “argumentos” da administração da Global Media “são os mesmos de anteriores ‘reestruturações’, sempre suportadas numa alegada ‘retracção dos mercados de media’ e ‘crise sem precedentes'” e alerta que o grupo “está em fase de reestruturação de propriedade, com a ‘circulação’ de dezenas de milhões de euros entre os grandes interesses, sem que daí resulte um único progresso para os trabalhadores ou melhorias na atividade”.

O PCP lembra que a Global Media recebeu este ano um “‘contrato de publicidade institucional’ de mais de 1 milhão de euros e foi abrangido num lay-off de 530 trabalhadores” e, “em anos recentes, obteve ‘perdões de dívida’ e investimentos de capital estrangeiro de 15 milhões de euros e vendeu os edifícios históricos do ‘Diário de Notícias’ e do ‘Jornal de Notícias'”.

O PCP diz ainda que a Global Media “está a comprovar que, nas condições do domínio dos grupos económicos, a chamada ‘crise dos media’ é sobretudo uma oportunidade e um instrumento de concentração capitalista e de poder, de mais exploração, degradação das condições de trabalho e regressão das liberdades de imprensa e informação, em vez de mais participação, democracia e progresso social, como é verdadeiramente necessário”.

O empresário Marco Galinha entrou no capital da Global Media – adquirindo 40% do grupo – através da compra de uma participação do Novo Banco (10,5%) e outra posição controlada pelo BCP (no total, quase 30% relacionados com as posições da Olivemedia e da Luis Montez-Grandes Notícias), por valores acumulados a rondar os 4 milhões de euros. O acordo com a administração da Global Media inclui o despedimento de 120 pessoas no grupo.

O despedimento coletivo na Global Media foi sexta-feira contestado pelo Sindicato dos Jornalistas (SJ), que defendeu que “os despedimentos e a degradação das condições de trabalho não devem, nem podem, ser a única solução das administrações para resolver as dificuldades económicas”.

O sindicato manifestou ainda, em comunicado, “solidariedade para com os trabalhadores atingidos”, reafirmando “a sua determinação em defender os postos de trabalho e garantir a proteção dos direitos e interesses dos jornalistas”. O SJ defendeu ainda que “o despedimento não pode ser a resposta para compensar perdas em vendas de jornais e publicidade ou investimentos falhados, no quadro de uma gestão irresponsável”.

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