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Pedro Nuno Santos: Governo português não exclui Huawei do 5G

“O que nós faremos é seguir as orientações europeias e não temos à ‘priori’ nenhuma questão com nenhum fabricante. As questões de segurança são fundamentais para o Governo português seja quem for o fornecedor”, disse Pedro Nuno Santos à Reuters.
  • Ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos
30 Julho 2020, 16h36

As operadoras portuguesas NOS, Altice e Vodafone, que dominam quase todo o mercado, disseram que já decidiram que não usarão a tecnologia da Huawei nas suas redes ‘core’ de 5G, apesar do Governo não banir a gigante chinesa da infraestrutura de telecoms móveis.

À semelhança de vários países europeus, Portugal está a preparar um leilão do espectro de 5G, no meio de uma intensa pressão diplomática dos EUA para que proíba a Huawei de entrar nestas novas redes de telecom da nova geração.

Washington quer que os seus aliados excluam a Huawei, maior produtora mundial de equipamentos de telecoms, argumentando que o uso do seu ‘kit’ cria o potencial de espionagem pela China – uma alegação negada sistematicamente pela Huawei e por Pequim.

Mas, perguntado se o Governo iria banir a Huawei, o ministro das Infraestruturas Pedro Nuno Santos disse que “o grupo criado pelo Governo para avaliar os riscos e questões de cibersegurança da rede 5G já concluiu o seu trabalho e não foi retirada nenhuma conclusão dirigida contra nenhum fornecedor em particular”.

“O que nós faremos é seguir as orientações europeias e não temos à ‘priori’ nenhuma questão com nenhum fabricante. As questões de segurança são fundamentais para o Governo português seja quem for o fornecedor”, disse Pedro Nuno Santos à Reuters.

Mas, a Nos, a Vodafone e a Altice – que juntas têm quase 100% dos clientes de telecoms móveis do país – decidiram não usar tecnologia da Huawei no ‘core’ das redes 5G ou seja em servidores, gateways e routers que encaminham o tráfego para as antenas.

Até ao momento não foi possível obter um comentário da Huawei Portugal.

Estas redes ‘core’ móveis acarretam maiores riscos de vigilância pois incorporam programas de software mais sofisticados que processam informações confidenciais, como dados pessoais dos clientes.

Uma porta-voz da NOS NOS.LS disse que a empresa “não contará com equipamentos Huawei na sua rede ‘core'”, e que escolherá os “melhores parceiros” para cada componente da rede.

“A Vodafone (casa mãe VOD.L) anunciou que a sua rede core 5G não irá contemplar a Huawei nas suas diferentes operações, pelo que, naturalmente, a Vodafone Portugal não é excepção”, referiu uma porta-voz da Vodafone Portugal.
Adiantou que a Vodafone Portugal “tem vindo a trabalhar na preparação da sua rede 5G com o seu parceiro preferencial e histórico Ericsson” ERICb.ST.

O Chief Executive Officer (CEO) da Altice Portugal ATCA.AS, Alexandre Fonseca, já tinha dito em 5 de Março aos jornalistas: “nós não temos a Huawei no core da rede; temos outros fabricantes”, não nomeando quais. Uma porta-voz da Altice Portugal disse que “o processo do 5G em Portugal ainda não está totalmente definido, havendo um conjunto de decisões relevantes a ser tomadas pelas entidades competentes, pelo que deve aguardar por estas para posteriormente se pronunciar” sobre eventuais parceiros. O ministro Pedro Nuno Santos disse que já tinha ouvido que a Huawei ficaria de fora do ‘core’ destas redes, “mas não tem nada que ver com opções ou imposições do Governo português, que nessa matéria está absolutamente alinhado com a orientação europeia”.

Em novembro último, a União Europeia adoptou uma linha dura com os fornecedores de 5G para reduzir os riscos de segurança cibernética nas redes móveis 5G, vistas como fundamentais para impulsionar o crescimento económico e a competitividade.

A estratégia incluiu reduzir a dependência dos países e das operadoras de telecoms de um só fornecedor. A Huawei concorre com a finlandesa Nokia NOKIA.HE e a sueca Ericsson.

Em Fevereiro, o secretário adjunto de cibersegurança, comunicações internacionais e política de informação do Departamento de Estado dos EUA disse numa visita a Lisboa que a UE não tem motivos para usar tecnologia da Huawei pois a Nokia, a Ericsson e a sul coreana Samsung estão a par da chinesa.

Durante essa visita, Robert Strayer reuniu-se com membros do Governo, deputados, regulador Anacom e com executivos da Altice Portugal, Vodafone Portugal e NOS. (Full Story) (Full Story)

Portugal adiou seis meses o leilão do espectro do 5G para Outubro devido à pandemia do coronavírus.

O ministro disse que “não interessa nada ao Governo ter um preço elevadíssimo no leilão do 5G” pois quer que os operadores tenham músculo financeiro para fazerem “significativos investimentos em infraestrutuas estratégicas e críticas”.

Na primeira fase, visa cobrir com o 5G zonas industriais, universidades, escolas, principais eixos rodoviários, portos marítimos e depois ir cobrindo o resto do território. Agência Reuters

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