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Pedro Nuno Santos: sem Montijo aprovado, “país vai ter um pagamento astronómico”

Ministro das Infraestruturas assumiu, ontem à noite, em entrevista ao programa ‘Tudo é Economia’, da RTP3, que a partir deste ano o aeroporto Humberto Delgado vai passar a rejeitar pedidos de voos por estar saturado em termos de capacidade.
  • Cristina Bernardo
10 Setembro 2019, 17h51

O ministro das Infrestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, considera que só há duas hipóteses em relação ao processo do novo aeroporto de Lisboa, previsto para o Montijo: ou é aprovado ou a alternativa, em Alcochete, vai ter custos brutais para o país, em termos de investimento e de prazos de construção da infraestrutura, mas também de perda de receitas, em particular no setor do turismo.

Em entrevista ao programa televisivo da RTP 3, ‘Tudo É Economia’, ontem, dia 9 de setembro à noite, Pedro Nuno Santos reconheceu que o debate sobre o  novo aeroporto na capital é, “do ponto de vista económico, muito relevante”.

“Nós temos, há um processo a decorrer na APA [Agência Portuguesa do Ambiente], que é uma agência independente. A ANA entregou um estudo de impacto ambiental. Ele está neste momento em fase de discussão pública [que termina a 19 de Setembro próximo] e nós teremos a breve prazo a declaração de impacto ambiental, ou não. Portanto, se nós tivermos a declaração de impacto ambiental, obviamente, vamos arrancar com as obras no Montijo”, assegurou o ministro.

Pedro Nuno Santos criticou: “o país está há décadas a discutir a localização [do novo aeroporto de Lisboa] e a adiar um investimento estruturante para o nosso país”.

“Nós não temos o direito, se me permite dizê-lo, de atrasar mais. Nós estamos, neste momento, com o aeroporto Humberto Delgado saturado. A partir deste ano, nós vamos passar a ter voos rejeitados, porque o aeroporto não consegue. Isso quer dizer que estamos, por não termos conseguido fazer o investimento no tempo em que ele era necessário, por causa do debate político, por causa da necessidade de combater e de derrotar o adversário, nós, hoje, vamos começar a perder turistas. Perdemos turistas, perdemos receitas de turismo, perdemos exportações, perdemos emprego. Perdemos dinheiro”, alertou o ministro das Infraestruturas.

Questionado sobre a inexistência de um ‘Plano B’ se não houver declaração de impacto ambiental positiva sobre o novo aeroporto no Montijo, conforme deu a entender há vários dias António Costa, Pedro Nuno Sntos explicou que “o que o Primeiro-ministro quis dizer é que, se por acaso nós não tivermos autorização para avançar com o aeroporto no Montijo, o país vai ter um pagamento astronómico, brutal”.

“Por duas razões. Não só porque nós, no aeroporto do Montijo, íamos fazer a ampliação do [aeroporto] Humberto Delgado, e o aeroporto do Montijo. Conseguíamos que o aeroporto do Montijo fosse construído em quatro anos. Mesmo assim, já vamos perder voos, já vamos ter um custo por não o termos feito antes. Qualquer outra decisão que o país seja obrigado a tomar vai, não só atrasar ainda mais, e, portanto, teremos um custo pelos turistas que vamos deixar de poder receber no país, nomeadamente turistas, mas não só turistas, obviamente, não é só os turistas que usam os aeroportos – vamos, não só deixar de ter essas receitas, como vamos ter de gastar muito mais”, justicou o ministro das Infraestruturas.

Pedro Nuno Santos adiantou que, “só para percebermos do que é que estamos a falar, entre a ampliação do Humberto Delgado e o Montijo são 1.500 milhões de euros [de investimento]”.

“Se tivéssemos que fazer um aeroporto em Alcochete, eram sete mil milhões de euros. Enquanto que o aeroporto do Montijo eram quatro anos [para construir], o aeroporto de Alcochete eram dez anos. Entre a expansão do Humberto Delgado e o Montijo vamos ter mais de 30 anos, as previsões são de mais 30 anos de capacidade, mais ou menos. Nós estamos a construir uma solução que é feita com dois aeroportos, um em cada margem do rio Tejo, e que vai dar resposta às necessidades do país para as próximas décadas”, salientou o governante.

Sobre o ‘elefante branco’ em que se transformou o aeroporto de Beja, Pedro Nuno Santos admitiu que “temos um aeroporto em Beja com pouca ou quase nenhuma atividade”, sem deixar de relembrar que “nós temos muitos aeroportos em Espanha que estão às moscas”.

“O aeroporto de Beja foi um investimento feito pelo país para ajudar a desenvolver uma região [Alentejo]”, defendeu Pedro Nuno Santos, garantindo que esta infrsaestrutura “nunca seria uma alternativa a qualquer aeroporto em Lisboa porque ele não seria competitivo a esse nível”.

“Temos que procurar com a região do Alentejo, encontrar a possibilidade de dinamizar aquele aeroporto. Não é fácil, não é fácil e é importante também que não nos habituemos a alimentar facilidades quando elas não existem naquele caso. Foi feito um investimento, temos todos de ver em conjunto como é que poemos rentabilizar, mas não é fácil”,l reconheceu o ministro das Infraestruturas.

Pedro Nuno Santos revelou ainda que “o aeroporto do Montijo está a ter como efeito colateral o desvio de algumas actividades da Força Aérea para a a região de Beja, para Beja, e isso vai trazer alguma actividade económica à região”.

“Mas, obviamente, que nós queremos mais e isso exigirá que nós consigamos fazer um trabalho em conjunto com os autarcas da região”, assumiu o ministro das Infraestruturas.

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