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Pedro Pessoa: “UE precisa de um milhão de carregadores da rede pública”

A transição energética e a captação de novos clientes choca com limitações de infraestruturas energéticas, sobretudo a nível particular com autorizações, garagens ou potência do condomínio, diz Pedro Pessoa, diretor comercial da LeasePlan.
29 Fevereiro 2020, 18h00

Que tecnologias têm vindo a ser desenvolvidas para melhorar a customização do produto de frotas para empresas?
A tecnologia está a mudar o conceito de condução. Na LeasePlan estamos a utilizá-la para ajudar a aumentar a eficiência, melhorar a segurança dos condutores e criar novos serviços e ferramentas que permitam gerir a frota à distância de um clique. Posso dar o exemplo da LeasePlan App, a partir da qual os nossos condutores podem aceder à plataforma Oficina Fácil e saber quais os pontos de assistência e os parceiros mais próximos do veículo.

Inclusivamente, podem fazer um pedido de marcação para manutenção. Com estas funcionalidades, muitos condutores já preferem usar a app em vez do telefone, o que prova a importância cada vez maior do interface digital nas interações com os clientes.

 

Em termos de adaptação dos clientes-empresa, como está a decorrer a eletrificação das frotas?
Existem ainda limitações de infraestruturas energéticas, sobretudo a nível particular (acesso a garagens, autorizações ou potência de condomínio…), bem como uma insuficiente rede de carregamento pública. Esta é a razão pela qual, a LeasePlan Corporation alertou para uma necessidade de investimento em carregadores da rede pública, mais concretamente um milhão de carregadores públicos, até 2025, na União Europeia.

 

O que leva as empresas a optar pela eletrificação: a questão tecnológica da autonomia de baterias, os superchargers, os benefícios fiscais associados; a economia de consumos ou a questão reputacional da empresa?
De acordo com o nosso último estudo de consultoria: Motorizações 2.0, e como resultado de mais de 700 respostas, todas as motivações são relevantes para as empresas. No entanto para 41% dos inquiridos, o custo mais competitivo das versões eletrificadas é o fator que mais contribui para uma rápida adoção deste tipo de motorizações. O aumento da autonomia das baterias é o segundo fator mais referenciado quando se fala de adoção de veículos elétricos.

 

Atualmente, qual o peso (em percentagem) dos carros eletrificados no total das viaturas sob gestão? Para quando prevê que os eletrificados representem maior volume de negócio que os veículos a combustão?
Não podendo revelar a percentagem para Portugal, podemos adiantar que no último trimestre de 2019, 10% das novas encomendas do Grupo LeasePlan foram de veículos elétricos.

 

Que impacto terá na empresa a substituição acelerada das motorizações? Que depreciação irão os carros Diesel sofrer e de que forma podem refletir essas perdas nos contratos?
A LeasePlan tem uma agenda ambiciosa em relação à eletrificação da frota e à redução das emissões, mas acreditamos que este caminho será percorrido com a promoção do veículo elétrico, com a eliminação da ansiedade associada à sua utilização e com a criação de condições para tornar a subscrição mensal interessante do ponto de vista económico. Acreditamos que a transição é progressiva, em grande parte por ter de percorrer o seu caminho. Por outro lado, a adaptação das infraestruturas é algo gradual o que faz com que todo o processo de transição para a mobilidade elétrica leve o seu tempo.

 

Como pode a empresa acrescentar valor para os acionistas e consumidores com a transição energética?
A LeasePlan é um agente ativo na renovação das frotas, e, tem apoiado, ao longo dos anos, cada um dos seus clientes na definição do respetivo plano de frota. Por outro lado, conscientes do impacto ambiental e da importância deste tema na vida das empresas, somos um dos membros fundadores da iniciativa EV100. Nesse sentido, temos desempenhado um importante papel na defesa da adoção da mobilidade de zero emissões, associando-nos a iniciativas que promovam a transição para a mobilidade elétrica. Paralelamente, não só assumimos um papel de consultoria através do lançamento de estudos anuais sobre motorizações, informando os nossos clientes sobre “what’s next” em veículos de baixas emissões, como facilitamos a adoção deste tipo de veículos com propostas atraentes para os clientes e de aconselhamento estratégico e especializado para que as empresas possam reduzir a sua pegada ecológica.

Atualmente, existe o risco da eletrificação de carros excluir os particulares por falta de incentivos suficientes?
Para que a transição aconteça no mercado dos particulares é necessário criar aqui também um conjunto de incentivos fiscais que afete todos os consumidores. O racional económico dos veículos elétricos ainda está muito alavancado no benefício fiscal. Se essa dinâmica não se alterar o veículo elétrico continuará a ser menos atrativo para particulares do que para as empresas. Medidas como reativar o incentivo ao abate, nos casos de adoção de um veículo elétrico, poderão ajudar a acelerar o processo de transição para a mobilidade elétrica, no segmento dos particulares.

 

Os incentivos contemplados no OE 2020 para as empresas são adequados? Em que pontos existem ambiguidades?
A política fiscal sobre o automóvel para 2020 pelo menos não foi agravada materialmente, vendo, inclusivamente, o 1º escalão da tributação autónoma ligeiramente aliviado. No entanto, penso que os incentivos estão exclusivamente concentrados nos veículos novos, sendo que os veículos mais antigos são os mais poluentes. Nesse sentido, medidas que estimulam o incentivo ao abate poderão acelerar o processo de redução de emissões por via de um parque automóvel mais recente e, consequentemente, menos poluente.

 

Em termos globais, que antecipação faz da evolução do negócio de gestão de frotas para 2020 no mercado nacional? Quais os riscos latentes?
Apesar de vivermos num contexto económico favorável, 2020 será o primeiro ano no qual as marcas serão sancionadas caso não cumpram os limites de emissão de CO2. Assim sendo, poderemos observar, especialmente, na segunda metade do ano, um aumento significativo da agressividade comercial das marcas em PHEV e EV, por forma a garantir o cumprimento dos limites de emissão de CO2 nas vendas.

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