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Penhoras na causa de grande parte do sobre-endividamento das famílias

Nas famílias cujos orçamentos entram em derrapagem financeira, as penhoras de rendimentos representam cada vez mais a causa da situação.
27 Outubro 2016, 08h07

A informação é do Gabinete de Apoio ao Sobre-Endividado (GAS), que abriu mais de dois mil processos de ajuda e 14% dos quais tinham origem em penhoras na sequência de dívidas próprias ou de terceiros de quem são fiadores, só no início deste ano. No total, contabilizam-se 2017 processos.

De acordo com o gabinete criado no ano de 2000 pela Deco, citado pelo “Diário de Notícias” desta quinta-feira, as penhoras devem-se a créditos que entraram em incumprimento ou a prestações de serviços que deixaram de ser pagas. “Estamos a falar de casos que às vezes envolvem dívidas de 600 ou de 800 euros e que acabam na penhora da casa”, refere Natália Nunes, coordenadora da entidade.

Entre as principais causas do sobre-endividamento que chegam à Deco estão o desemprego (29%) e as alterações das condições laborais (22%), devidas a reduções salariais ou a transições de um emprego para outro com salário inferior.

A maior parte dessas famílias sobre-endividadas até estão a trabalhar, mas o que têm rendimento não é suficiente para fazer face às despesas, o que leva a que a execução da dívida recaia sobre a casa onde residem. Conforme indicam os dados a que o DN teve acesso, 10% das situações de penhoras têm que ver com execuções de créditos e 4% com execuções fiscais.

Em relação à alteração do agregado familiar, tal como nas penhoras, também se regista um aumento. A responsável pelo GAS sublinha o regresso dos filhos à casa dos pais como impactante no sobre-endividamento das famílias.

Com o intuito de fazer face a estas situações de derrapagem orçamental, Natália Nunes garante ao mesmo jornal que as famílias estão mais atentas, ainda que tenham tendência em conduzir “economizar com poupar”. “Comparam cada vez mais os preços, cortam em alguns consumos que antes faziam, procuram muito as promoções”, acrescenta Natália Nunes.

Segundo noticiou o Jornal Económico, quase 30 mil famílias pediram apoio ao GAS durante o ano passado, o que resultou na abertura de mais 2.700 processos em 2015.

Também nesse ano, as alterações ao agregado familiar tinham um grande peso nas causas. Ou seja, dois em cada dez casos de sobre-endividamento registados entre 1 de janeiro e 31 de março de 2015 foram provocados por alterações do agregado familiar.

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