O administrador do Banco de Portugal Hélder Rosalino falava na abertura da conferência intituladas “Como proteger os pagamentos? (Ciber)Segurança e prevenção da fraude”, que se realiza esta segunda-feira em Lisboa, quando divulgou o número esperado de perdas com fraudes nos pagamentos online. Nos próximos cinco anos as perdas superarão os 206 mil milhões de euros, segundo um research da Juniper.
As novas tendências de pagamento trouxeram novos riscos. Malware, fraude em comércio electrónico, phishing e outras práticas de apropriação das credenciais de acesso a contas, e impersonation scam (simulação de autorização de responsáveis da empresa por exemplo), são as novas tendências de fraude, segundo o supervisor da banca.
O aumento de fraudes nas transações digitais de entretenimento, desde 2019 até 2021, atingiu 794%.
A taxa de crescimento das tentativas de fraude por ataques informáticos online atingiu os 233% em dois anos, numa conjuntura de subida de 65% das transações online desde 2019. Os dados são da Feedzai e foram citados por Hélder Rosalino.
Apesar do aumento observado nas operações de pagamento electrónico (em detrimento das operações físicas), a fraude nessas operações mantém-se em Portugal em níveis reduzidos, diz o administrador do BdP.
A pandemia de Covid-19 e os confinamentos sucessivos da economia aceleraram brutalmente os pagamentos pelas vias digitais e com eles veio o aumento das fraudes cibernéticas, o que pôs na agenda dos bancos o tema da cibersegurança.
No ambiente online, Portugal era um dos países do euro com menos transações per capita antes da pandemia. Só menos de 10% das operações era feita por contactless em 2019.
As compras online com cartões aumentaram 100% em 2020 e 2021 face a 2019, e o peso das compras com contactless subiu para 40% em 2021, desde 2019.
“Face a 2019 verificaram-se aumentos de mais de 3% na quantidade e de quase 8% no valor dos pagamentos de retalho”, disse Hélder Rosalino.
Em Portugal o uso de cartões, em 2021, cresceu 15% em valor e 15% em quantidade. Os débitos diretos cresceram 3% em quantidade e 11% em valor.
As transferências a crédito subiram 9% em quantidade e 14% em valor; as transferências imediatas cresceram 28% em quantidade e 50% em valor.
Ao contrário, os cheques decaíram 18% em quantidade e 1% em valor.
Em termos anuais, as transferências subiram 13,9% entre janeiro de 2021 e janeiro de 2022; as transferências imediatas cresceram 72,4%; e as transferências por MB Way subiram 82%
Em janeiro deste ano as compras online avançaram 9% em termos de quantidade e 11% em termos de montante. Este números foram apresentados por Maria José Campos, administradora do BCP.
No seu painel subordinado ao tema “(Ciber)Segurança e prevenção de fraude: quais as preocupações de uma instituição bancária?”, a gestora do BCP salientou que a fraude nos pagamentos digitais evoluiu rapidamente, e lembrou a fraude de pagamentos não autorizados e fraude de pagamentos autorizados.
Hélder Rosalino já antes tinha apelado à necessidade de reforço da literacia digital e dos mecanismos de deteção e resposta à fraude.
O Banco de Portugal é responsável pelo funcionamento dos sistemas de pagamento que são vitais para a economia.
No painel dedicado ao tema “Novas tendências na deteção, prevenção e investigação da fraude e do cibercrime”, Madalena Cascais Tomé, CEO da SIBS revelou que em 10 mil euros de transações online 14,5 euros são alvo de fraude. “Serviços como o MB Way e o MB Net continuam a demonstrar a sua capacidade de manter os níveis de fraude em números reduzidos e têm sido instrumentais para aumentar a confiança dos portugueses nas compras online”, disse a CEO da SIBS, que defende o security by design em todos os seus produtos e soluções.