Peso da precariedade no novo desemprego agravou-se em julho

A precariedade é, regra geral, o motivo por detrás do grosso do novo emprego, mas em julho agravou-se o seu peso face ao mês anterior. Das novas inscrições feitas no IEFP, 47% dizem respeito a pessoas cujo contrato de trabalho não permanente chegou ao fim.

O número de desempregados que se inscreveram nos centros do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) ao longo de julho aumentou face ao mês anterior, ultrapassando a fasquia dos 35 mil indivíduos. Destas novas inscrições, 47% dizem respeito a pessoas que perderam o trabalho na sequência do fim de contratos não permanentes, o que corresponde a um agravamento do peso da precaridade no novo desemprego.

De acordo com os dados publicados pelo IEFP, no primeiro mês do segundo semestre de 2022, foram registadas 35.179 novas inscrições nos centros de emprego, das quais cerca de 13 mil foram registadas no Norte, outras 13 mil em Lisboa e Vale do Tejo, cerca de 5,7 mil no Centro, duas mil no Alentejo e quase 1,2 mil no Algarve.

Em comparação, em junho foram verificadas 31.111 novas inscrições, ou seja, apesar do número total de desempregados registados no IEFP ter caído em cadeia (e renovado mínimos), o número de novos desempregados a inscreverem-se nos centros de emprego cresceu em julho.

E das novas inscrições registadas no continente no sétimo mês do ano, 47,08% (isto é, 16.561) dizem respeito a pessoas que perderam o trabalho por ter terminado o seu contrato não permanente.

Ora, esse é, regra geral, o principal motivo que, mês após mês, leva os indivíduos aos centros do IEFP, mas em julho agravou-se o peso da precariedade no novo desemprego. Em junho, das novas inscrições, 42,03% estavam associadas a esta justificação (isto é, 13.076), o que significa que se verificou agora um agravamento de cerca de cinco pontos percentuais.

Já face ao período homólogo de 2021, registou-se uma quebra de 3,7 pontos percentuais, mas é importante realçar que há um ano o mercado de trabalho estava ainda a enfrentar as consequências da crise pandémica e das restrições a ela associadas, pelo que esta comparação é influenciada por um efeito de base.

Quanto às demais inscrições verificadas em julho deste ano, 13% estão associadas a despedimentos, valor ligeiramente abaixo do registado no registado há um ano; Quase 11% dizem respeito a indivíduos que estavam na inatividade e passaram agora ao desemprego, o que significa que estão disponíveis para trabalhar; Cerca de 5% são pessoas que se despediram, o que fica abaixo do mês anterior, mas quase um ponto acima do valor verificado há um ano; E quase 4% dizem respeito a rescisões por mútuo acordo.

De notar que, na Agenda do Trabalho Digno, a luta contra a precariedade é assumida como uma das grandes bandeiras. Em causa está um pacote de mudanças à lei laboral, que o Governo apresentou no Parlamento e que está agora a ser discutido na especialidade, depois de ter sido aprovado na generalidade, com os votos favoráveis do PS, as abstenções do PSD, Chega, Bloco de Esquerda, PAN e Livre e os votos desfavoráveis do Iniciativa Liberal e do PCP.

Recomendadas

Topo da Agenda: o que não pode perder nos mercados e na economia esta quinta-feira

O Banco de Portugal irá revelar duas notas de informação estatísticas sobre o primeiro mês do ano, às 11h00: a do endividamento do sector não financeiro – que compreende as administrações públicas, as empresas e os particulares – e a do financiamento das administrações públicas. Há também resultados do grupo Altri e da Greenvolt.

ACT fez 36 inspeções em quintas do Douro e levantou 19 contraordenações em 2022

A Autoridade para as Condições do Trabalho realizou 36 visitas inspetivas nas quintas do Douro, em 2022, e instaurou 19 processos de contraordenação, tendo sido identificados 410 trabalhadores, informou o Ministério do Trabalho em resposta ao PCP.

Costa: BCE agiu mal ao subir taxas de juro “doa a quem doer”

O primeiro-ministro criticou hoje a subida das taxas de juro por parte do Banco Central Europeu (BCE) e considerou que “é hoje mais importante do que nunca” o país continuar a reduzir a sua dívida.
Comentários