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Pires de Lima garante que negócio com Airbus “foi feito a preços de mercado”

O ex-ministro reiterou esta quarta-feira que o negócio com a Airbus que permitiu capitalizar a TAP em 2015 foi “feito a preços de mercado” e nega que tenha prejudicado a companhia.
7 Junho 2023, 17h38

António Pires de Lima mantém a convicção de que o negócio com a Airbus que permitiu capitalizar a TAP durante a privatização de 2015 foi feito “a preços de mercado”

O ex-ministro da Economia do governo de coligação PSD/CDS diz ainda que a companhia aérea “não foi prejudicada (…) bem pelo contrário”.

“Continuo convencidíssimo de que o negócio foi feito a preços de mercado. A TAP não foi prejudicada e bem pelo contrário. Estes fundos Airbus [permitiram] capitalizar em 226 milhões de euros e, com isso, conseguiu-se iniciar um projeto de desenvolvimento e crescimento que durou até 2019”, diz o ex-governante, que é ouvido esta quarta-feira na comissão parlamentar de inquérito à tutela política da gestão da empresa.

Pires de Lima esteve envolvido na conclusão da privatização da empresa, operação que veio a ser parcialmente revertida pelo governo PS que sucedeu ao seu – mas com o apoio da esquerda parlamentar.

Em causa estão os chamados ‘fundos Airbus’ – um produto da negociação entre o acionista privado David Neeleman, da Atlantic Gateway, e a fabricante de aeronaves. Em suma, trocou-se uma encomenda de 12 aviões A350 por 53 aviões da nova gama, à qual se somou “uma contribuição” de mais de 200 milhões de euros – um desconto comercial -, que o empresário americano por sua vez injetou na TAP de forma a capitalizar a empresa, tal como lhe era exigido no acordo de privatização celebrado com o Estado.

Contudo, se o valor resultava de um desconto comercial esse valor seria, à partida, do direito da empresa e não do acionista. Poderá deduzir-se que a TAP se capitalizou com capitais próprios, algo que é ilegal. Mas as visões quanto à natureza dos fundos divergem.

Já numa auditoria pedida pela TAP no ano passado se concluiu que o negócio poderia ter lesado a saúde da companhia aérea, uma vez que estaria a pagar pelos aviões um preço superior ao praticado no mercado. O Ministério Público abriu um inquérito, mas ainda não são conhecidas conclusões.

Plano estratégico da Atlantic Gateway “criava muito valor e riqueza para a TAP”

O ex-ministro volta a dizer da opinião que já lhe era conhecida: a gestão privada da TAP e o plano estratégico criado pelos acionistas Neeleman e Pedrosa “criava muito valor e riqueza para a TAP”. “Não vamos ser ingénuos”, adianta, até porque os acionistas privados “também beneficiaram os fornecedores – e a Airbus é o principal fornecedor da TAP”, salienta Pires de Lima.

“Não me é muito surpreendente que o senhor David Neeleman, como empresário hábil e negociador que é, tenha procurado financiar num fornecedor que foi muito beneficiado com a mudança do plano estratégico”, admite o ex-ministro para a quem a Airbus viu um benefício de até 4 mil milhões de euros na encomenda.

Mas, no fim de contas, “os aviões modernizaram a empresa” e os 215 milhões mesmo que tenham passado por vários bolsos acabaram por entrar na empresa e “ainda lá estão”, assegura.

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