A Arábia Saudita quer organizar o Campeonato do Mundo de 2030 de futebol em conjunto com a Grécia e com o Egipto. E ofereceu-se para pagar novos estádios nestes dois países, revela hoje o “Politico”.
Em troca, os sauditas organizariam três quartos do torneio que vai contar com um total de 48 seleções, uma subida relevante face ao torneio do Qatar que contou com 32 equipas. A ideia é juntar três continentes: Europa, Ásia e África.
A oferta foi feita numa reunião entre Mohammed bin Salman, o príncipe que lidera o reino saudita, e o primeiro-ministro grego Kyriakos Mitsotakis no verão de 2022, segundo fontes consultadas pelo “Politico”.
O jornal digital destaca que não é claro se a oferta, que deverá valer milhares de milhões de euros, foi aceite ou não pelo Cairo e Atenas. O que é certo é que os três países estão a preparar a candidatura.
A ideia saudita de organizar um torneio em conjunto é que um novo torneio no Médio Oriente apenas oito anos depois do Qatar 2022, não deveria sair vencedor.
Recorde-se que Portugal-Espanha-Ucrânia também estão na corrida, a par da Argentina, Uruguai-Paraguai e Chile. A ideia de organizar torneios em conjunto é diluir os custos astronómicos destes eventos, que depois deixam para trás elefantes brancos, estádios vazios, como se vê no caso do Euro 2004. O torneio de 2026 será organizado pelos EUA, Canadá e México.
A decisão vai ser tomada pelo Congresso da FIFA que agrega mais de países membros de todo o mundo. A proposta saudita tem pernas para andar, juntando os votos asiáticos, africanos e alguns europeus.
Os governos dos três países não responderam às perguntas do “Politico”, assim como a FIFA.
A Arábia Saudita tem um registo muito pobre em termos de cumprimento de direitos humanos: a repressão das mulheres ou da comunidade LGBT continua na ordem do dia. E em 2018, o jornalista Jamal Khashoggi foi assassinado dentro do consulado saudita em Istambul por agentes governamentais.
O regime saudita continua a estar nas boas graças do Ocidente como fornecedor seguro de petróleo, papel reforçado com a invasão russa da Ucrânia e fim das compras de petróleo e gás russo pela União Europeia e países do G7.
O regime saudita continua a estar nas boas graças do Ocidente como fornecedor seguro de petróleo, papel reforçado com a invasão russa da Ucrânia e fim das compras de petróleo e gás russo pela União Europeia e países do G7.
O reino saudita tem apostado forte no desporto para tentar lavar a sua cara perante o mundo: a compra do Newcastle United, a organização da supertaça espanhola no país, a criação de uma liga alternativa de golfe, a primeira corrida de Fórmula Um no país em 2024, ou a organização da Taça Asiática de futebol em 2027. E, claro, a contratação, da super-estrela global de futebol, Cristiano Ronaldo para jogar na liga do país.
Um analista comenta a generosidade saudita e destaca que o reino tem um grande plano estratégico em marcha.
“A Arábia Saudita está a tentar posicionar-se estrategicamente com um hub Afro-euro-asiático, o centro de uma nova ordem mundial. Este posicionamento permitiria à Arábia Saudita exercer poder significativo e influência sobre uma vasta área geográfica, que está a tentar alcançar ao forjar relações com parceiros relevantes, disse ao “Politico” Simon Chadwick, professor da Skema Business School em Paris.
“A realização de um campeonato do mundo em conjunto com o Egipto e Grécia não é nem altruísmo nem desprendimento em relação ao dinheiro. Antes, faz parte de um plano alargado, que o Governo em Riade está a alavancar através da potencial oferta de estádios”, acrescentou.