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Pobreza infantil aumenta dois terços depois da crise financeira de 2007

“Crianças da austeridade: O impacto da Grande Recessão na pobreza infantil em países ricos”, é o estudo da UNICEF, em conjunto com 16 instituições internacionais, que apresenta, não só os efeitos da crise nas crianças que vivem em países de rendimento elevado, mas também as medidas políticas dos governos nesse contexto.
13 Abril 2017, 15h14

A pobreza infantil na Europa aumentou cerca de dois terços depois da crise financeira e económica que se começou a fazer sentir em 2007, depois da falência do Lehman Brothers, revelou um estudo da UNICEF publicado hoje.

O aumento nos últimos dez anos registou valores superiores a 15% em países como Chipre, Islândia e Grécia. Na Hungria, Itália e Espanha o aumento foi entre 7% e 9%.

“Crianças da austeridade: O impacto da Grande Recessão na pobreza infantil em países ricos”, é o estudo desenvolvido pelo Centro de Investigação – Innocenti da UNICEF com 16 instituições de investigação internacionais, que apresenta, não só os efeitos da crise nas crianças que vivem em países de rendimento elevado, mas também as medidas políticas dos governos nesse contexto. Uma investigação que visa comparar os 41 países da OCDE e União Europeia, pormenorizando a análise em 11 países.

Assim, “nos países ricos, muitas crianças foram gravemente afectadas pela crise económica global, com a pobreza infantil – comparativamente a níveis pré-crise – a aumentar em muitos países”, salientou o comunicado do Centro Innocenti.

Este centro de investigação esclarece que “é o primeiro estudo internacional sobre os efeitos da crise e as respostas dos governos que coloca o enfoque nas crianças nos países ricos”, e revela que, em relação à resposta dos governos à crise, os gastos com as famílias e as crianças na Europa “baixaram quando eram mais necessários. Nenhum país europeu aumentou os gastos em benefícios para as famílias e dois terços reduziram as despesas per capita, enquanto os gastos em pensões aumentaram em toda a amostra entre 2010 e 2013”.

Yekaterina Chzhen, co-autora da investigação, explica que “proteger o rendimento familiar em tempo de recessão é essencial para combater a pobreza infantil, mas por si só não chega. As crianças são também duramente afectadas quando há cortes nos gastos com escolas e equipamentos de saúde, e quando os pais não conseguem aceder a serviços essenciais, como os cuidados infantis” salientando que os governos que proporcionaram uma maior “cobertura da rede de segurança social durante a crise amorteceram o impacto desta nas famílias com crianças”

A análise conclui que “para proteger as crianças em tempos bons e em tempos maus, os governos devem dar prioridade a uma conjugação de apoio universal em termos de rendimentos, baseada na segurança social e testada, com despesas de saúde e educação direccionadas para os que mais precisam”, refere Yekaterina Chzhen.

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