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Pode Montenegro desencadear a Terceira Guerra Mundial? Esta é a interpretação de Trump

Numa entrevista à Fox News, o presidente norte-americano deu sinais de que não tem a certeza de que colocaria as suas tropas a defender as fronteiras do mais recente membro da NATO.
18 Julho 2018, 16h10

O presidente norte-americano Donald Trump voltou a minar o papel que desempenha na NATO quando, esta terça-feira, respondeu a uma pergunta sobre o mais pequeno e mais recente membro da aliança, Montenegro.

Numa entrevista à Fox News, Trump foi questionado sobre se os Estados Unidos deveriam responder a um eventual chamamento para defender Montenegro. “Vamos dizer Montenegro, que se juntou no ano passado… por que razão o meu filho deveria ir para Montenegro para defendê-lo de um ataque?”, perguntou o jornalista a Trump.

“Eu entendo o que você quer dizer – e eu fiz a mesma pergunta”, respondeu Trump. “Montenegro é um pequeno país com pessoas muito fortes”, disse, e sugeriu que o “povo agressivo” de Montenegro poderia desencadear um conflito global: “a propósito, eles são pessoas muito fortes, são pessoas muito agressivas, eles podem ficar agressivos. E parabéns, você está na Terceira Guerra Mundial”.

A sugestão de que Montenegro poderia iniciar uma guerra mundial através da agressão a um país terceiro – a Rússia? – com o espaldar da NATO, revela uma deficiente interpretação do Artigo 5 da organização militar. Se Montenegro, um país com pouco mais de 620 mil pessoas, iniciasse uma guerra com a Rússia, não poderia invocar este artigo e exigir o envolvimento dos Estados Unidos enquanto membro da NATO porque não seria um ataque a um membro, mas sim um ataque de um membro.

Os membros da NATO podem invocar uma cláusula de defesa mútua no caso de um ataque ao seu território, obrigando todos os outros estados da aliança a virem em sua defesa. Mas o contrário não é possível: um ataque iniciado por um membro da NATO não obriga os restantes aliados a apoiarem e muito menos a participarem nesse ataque.

O Artigo 5 foi invocado apenas uma vez, precisamente pelos Estados Unidos, após os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001.

No início deste ano, o Montenegro prometeu mais tropas para ajudar a combater a guerra liderada pelos Estados Unidos no Afeganistão e, já antes de ingressar na NATO, o pequeno país ajudou nos esforços de reconstrução do Afeganistão ao longo de quase oito anos.

Montenegro teve já vários focos de tensão com a Rússia, o último dos quais surgiu quando o governo acusou nacionalistas russos de tentarem matar o seu primeiro-ministro em 2016.

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